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Bahia

Prefeituras são responsáveis por alta taxa de analfabetismo no país, aponta especialista

Municípios, no entanto, necessitam também do apoio dos governos estadual e federal na busca por uma educação de qualidade

Por Da Redação
Ás

Atualizado
Prefeituras são responsáveis por alta taxa de analfabetismo no país, aponta especialista

Foto: Farol da Bahia, Tony Oliveira/Agência Brasília e Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil

Nos últimos meses, uma série de pesquisas, conduzidas por diversos institutos, tem apontado a Bahia como um dos estados com os piores índices de alfabetização entre crianças e adolescentes. Esses dados revelam uma situação alarmante, chegando a posicionar o estado como o líder nacional em número de analfabetos.

Esse quadro é agravado por outra situação recentemente destacada pelo Farol da Bahia em uma reportagem exclusiva sobre a situação atual das escolas municipais de tempo integral: a falta de investimentos e precariedade no ensino público, que acabam prejudicando o aprendizado de milhares de crianças.

Para especialistas na área da educação, as prefeituras têm responsabilidade direta pela precariedade do ensino e pelos números negativos. “O analfabetismo é um problema que afeta diretamente as prefeituras, já que as séries iniciais estão sob responsabilidade destas”, afirma o Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da unidade de Educação de Jovens e Adultos da ONG Ação Educativa, Roberto Catelli.

Ele, no entanto, também destaca que é dever dos governos estadual e federal prover recursos e subsídios para os municípios, na busca por uma educação de mais qualidade. “É muito importante que existam políticas de apoio direcionadas aos municípios brasileiros por parte dos governos federal e estaduais, para que as prefeituras possam abrir novas turmas e, o mais importante, mantê-las”, completa.

Desigualdade e falta de investimentos

A Bahia é o segundo estado do país com o pior índice de alfabetização de crianças da rede pública do Brasil. Com 37% dos jovens alfabetizados na idade certa em 2023, o estado aparece empatado com o Rio Grande do Norte, que também possui 37%, e a frente apenas de Sergipe, o pior estado do ranking divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), com 31% das crianças alfabetizadas na idade correta.

Os dados fazem parte dos primeiros resultados divulgados do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, programa do governo federal, lançado em julho do ano passado, que tem como objetivo garantir que os alunos de seis e sete anos aprendam a ler e a escrever. Até o momento, 100% dos estados e 99,8% dos municípios já aderiram à iniciativa.

No recorte nacional, pouco mais da metade (56%) das crianças que estudam em escolas públicas foram alfabetizadas na idade certa no ano passado. O patamar alcançado pela nova política é semelhante ao percentual de estudantes alfabetizados no Brasil em 2019, segundo o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que era de 55%.

Para Catelli, o cenário visto na Bahia e também no Nordeste pode ser explicado por outros dados que não só aqueles atrelados às escolas. “Nessa região nós temos uma desigualdade ainda maior e índices de pobreza que são superiores àquelas registradas nacionalmente. Com isso, as condições de frequentar uma escola são menos adequadas. Além disso, a falta de investimento contribui para o alto número de analfabetos”, afirma.

Maior número de analfabetos do país

Os números evidenciam um problema já conhecido por toda a população baiana: a deficiência na alfabetização de crianças e adolescentes. Recentemente, inclusive, uma outra pesquisa, esta do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que, em 12 anos, a Bahia pouco evoluiu na universalização da educação.

No estado, ainda existem 1,4 milhão de pessoas que não sabem ler e nem escrever, representando o maior contingente do país. No total, o número de analfabetos corresponde a 12,6% da população baiana.

Os dados, divulgados no início de maio, fazem parte do módulo Alfabetização do Censo 2022. Eles mostraram, ainda, que, no Brasil, a taxa de analfabetismo é de 7%. São cerca de 11 milhões e meio de pessoas com idade de 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever no país.

Os impactos do analfabetismo na vida de um jovem são extremamente prejudiciais, comprometendo, entre outros aspectos, sua capacidade de socialização e oportunidades de emprego. “Vivemos em uma sociedade letrada, altamente inserida no digital e que cada vez mais exige qualificações para o ingresso no mercado de trabalho. Com isso, as pessoas que não têm acesso a uma educação de qualidade vão ficando cada vez mais excluídas e, portanto, isso aumenta a dívida social e reproduz essa desigualdade”, explica ainda o especialista.

“É preciso investir na educação dessas crianças, mas também na permanência delas dentro da escola. E ter soluções criativas para que se possa haver um processo educativo com os jovens e adultos”, finaliza.

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