Presidente da Câmara, Maia fala sobre “muro” para separar Forças Armadas e governo federal
Ele não responsabilizou Pazuello pelas mais de 100 mil mortes pela Covid-19
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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, defende a discussão de um limite à atuação de militares da ativa na gestão do próximo governo. Sem apontar diretamente para os generais nos cargos do alto escalão do Executivo, Maia ressalta a necessidade de respeitar o “muro” entre o Estado, a quem as Forças Armadas estão vinculadas, e o governo, formado especialmente por agentes públicos eleitos. As informações são do portal Metrópoles.
O democrata, que está trabalhando em home office, criticou o enfrentamento da pandemia pelo governo, mas isentou o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, de toda a responsabilidade pelas mais de 100 mil mortes.
Maia comentou sobre a crise entre os três Poderes. “Pelo menos nas últimas semanas, há um ambiente de mais respeito e menos estresse na relação entre Poderes. Espero que continue assim. É bom para o Brasil que a gente continue com as instituições democráticas funcionando. Foi uma coisa que cobramos naquele período de manifestações com faixas contra o Parlamento, pedindo o AI-5”, afirmou.
Rodrigo Maia falou sobre a atuação de militares no ambiente político. “É importante separar o Estado e o governo. As Forças Armadas estão no Estado. Os gestores públicos, os ministros e o presidente estão no governo. É importante que fique claro que há um muro. Não é algo contra os militares que estão no governo Bolsonaro, mas esse debate vai acontecer, no mínimo, para o próximo governo, para que fique clara essa separação. Quem vem para cá (governo) vai precisar não ter vínculo com o Estado. Quando um militar da ativa entra no governo ele traz parte do Estado e, muitas vezes, pode misturar as coisas, e é importante que a gente consiga organizar isso”, pontuou.
Ele também falou sobre a ineficiência em algumas pastas dentre elas a Saúde, articulação política. “Eu não acho que o Pazuello tenha sido a melhor escolha, mas não podemos culpá-lo também pelas 100 mil mortes. É claro que há falta de articulação com os governadores e conflitos por causa de posicionamentos equivocados. Isso pode ter prejudicado, certamente, mas transferir 100% dessa responsabilidade para o ministro está errado. O problema é ter um vírus que vai tirar vidas de brasileiros e que vai derrubar a economia. E a economia vai cair porque na hora em que começa a morrer gente próxima, a pessoa deixa de consumir, deixa de ir à rua, querendo o governo ou não”, destacou.
O comandante da Câmara destacou as prioridades na reta final do seu mandato à frente da Casa do Povo. “A reforma administrativa eu preciso do governo, mas a tributária eu estou confiante que nós vamos entregar”, disse.