Presidente do BC critica 'especialistas de WhatsApp', defende liquidação do Banco Master e manutenção de juros altos
Declarações foram dadas durante audiência pública em comissão do Senado.

Foto: Lula Marques/Agência Brasil
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, criticou nesta terça-feira (25), durante a audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), apreciações negativas nas redes sociais do que chamou de "especialistas de WhatsApp". Ele defendeu a atuação da autoridade monetária na liquidação do Banco Master, na semana passada, e também a manutenção de juros altos. Galípolo disse que a autoridade seguiu as normas previstas na lei.
O presidente do BC disse ficar na dúvida se deve sempre que questionado responder. Segundo ele, responder aos questionamentos nas redes pode atrapalhar os trabalhos no BC.
"As redes sociais, que têm pouca mediação, nas quais muita gente tem decisão sobre tudo, de maneira imediata, peremptória [...]. Hoje, temos especialistas de 'WhatsApp', que criam o próprio grupo, que dão opinião sobre tudo. Essas coisas vão se propagando, se dissipando. É um dilema para o BC, vai a cada momento interromper seu trabalho para fazer aquilo [responder]?", completou Galípolo.
Galípolo destacou que a narrativa da desinformação pode ser mais interessante do que a "verdade"; no caso do BC, a informação pode ser "técnica, enfadonha e chata". Ele destacou as críticas à suposta demora na intervenção ao Banco Master. E também a manutenção da taxa Selic elevada.
No caso da liquidação do banco Master, Galípolo disse que o Banco Central seguiu todo "procedimento legal demandado".
"O Banco Central trabalhou desde o primeiro minuto, e desde o primeiro momento agradeço à Polícia Federal, à Justiça; em cada passo que foi dado, o Banco Central seguiu [a lei]. A avaliação do BC se dá sobre a higidez da operação, se cumpriu as normas legais, os requisitos técnicos que são demandados. Jamais vamos julgar a conveniência", acrescentou Galípolo.
Durante a audiência, Galípolo defendeu a fixação da taxa básica de juros, atualmente em 15% ao ano, maior nível em quase 20 anos. Com a justificativa de conter a inflação.
"A meta [central de inflação] não é 4,5%, é 3%. Quando olho para as projeções futuras, vejo no 'Focus' [pesquisa com o mercado financeiro] que o BC não vai conseguir cumprir a meta durante todo meu mandato [...]. A determinação legal é uma meta de 3%, o instrumento é a taxa de juros, e o BC tem de usar a taxa de juros para perseguir a meta de inflação", explicou.


