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Presidente do STF, Dias Toffoli afirma que Lava Jato ‘destruiu empresas’

O ministro disse também que o governo “tem pessoas e áreas de excelência funcionando muito bem”

Por Da Redação
Ás

Presidente do STF, Dias Toffoli afirma que Lava Jato ‘destruiu empresas’

Foto: Reprodução

Em entrevista ao Jornal Estado de São Paulo, na última sexta-feira (13), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro José Antônio Dias Toffoli, afirmou que o governo do presidente Jair Bolsonaro “tem pessoas e áreas de excelência funcionando muito bem”. Não quis dizer quais são, mas reiterou: “São áreas de excelência, têm feito belíssimos trabalhos, têm tido diálogos com as instituições o tempo todo”.

Em quase duas horas de entrevista, Dias Toffoli falou do presidente e do governo Bolsonaro; disse que “o Ministério Público deveria ser uma instituição mais transparente” – como entende que o Judiciário o seja -, e que “a Lava Jato destruiu empresas – o que jamais aconteceria nos Estados Unidos, por exemplo”.

Comentou, também, os momentosos e recentes julgamentos que agitaram o Supremo, como aquele em que deu o voto decisivo para proibir a prisão depois da sentença em segunda instância. A decisão possibilitou a saída do ex-presidente Lula da prisão em que estava há quase dois anos, condenado na operação Lava Jato. Sobre o julgamento do Coaf (rebatizado de Unidade de Inteligência Financeira), no qual seu voto foi criticado como difícil de entender – “precisa de um professor de javanês”, disse o ministro Luís Roberto Barroso – Dias Toffoli afirmou que foi um voto “elogiadíssimo”. Comentou, também, o repto que deu em Barroso durante sessão do plenário, dizendo “respeite seus colegas”.

Questionado sobre a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que mandaria ao pau-de-arara um ministro que descobrisse ser corrupto, Toffoli disse que “São manifestações que devem ser mais comedidas e mais pensadas. Mas, do ponto de vista da relação entre os poderes, o que eu posso dizer é que ao longo deste ano as relações foram cordiais e de fácil diálogo entre o Poder Judiciário e o Poder Executivo como um todo”. 

Para o ministro este ano foi intenso porque o Brasil vinha de governos de centro e centro-esquerda. E mudou para um governo de direita. “Então houve, depois da redemocratização, uma primeira vitória da direita com o apoio da extrema-direita”, disse.

Ele concluiu dizendo que “como um cansaço da população seja com corrupção, seja com pessoas que a população já não queria mais ver como seus representantes.  E com a ideia de uma vontade de destravar o Estado, superar a burocracia estatal. Essa foi a mensagem que foi levada e aceita pelas urnas. Então, em primeiro lugar, tem que se respeitar a vontade popular. Democracia é assim. É alternância de posições, seja política, seja econômica, seja ideológica, dos representantes do povo”, afirmou.

Dias Toffoli disse que a pauta sobre a prisão depois da segunda instância já estava liberado pelo relator, ministro Marco Aurélio, há muito tempo. “E tanto o ministro Marco Aurélio quanto o ministro Celso de Mello estão já próximos da aposentadoria – e pediam para mim que isso fosse a julgamento para terem a possibilidade de votar. A outra questão é a pacificação social. Grande parcela da sociedade gostaria de ver isso julgado, embora outra parcela não quisesse. E a nossa função é julgar. Então foi julgado”.

Toffoli foi questionado sobre tanto o Senado quanto à Câmara estarem se movimentando, apesar das divergências, sobre a segunda instância. O Senado com um projeto de lei, a Câmara com uma Proposta de Emenda Constitucional. Ele afirmou que não tem acompanhado isso de perto. 

“O Parlamento tem autonomia para decidir. O que há de interessante, na discussão que está na Câmara, é que aquilo se amplie para além da área criminal, para efeitos relativos em decisões que vão atingir direito privado, administração pública, matéria tributária”, disse.

Sobre a declaração do ministro da Justiça, Sérgio Moro, de que a decisão do Supremo trouxe a percepção da população de que o combate à corrupção diminuiu. O ministro afirmou que “de maneira nenhuma. Isso não tem o menor sentido. O STF julgou o 'mensalão', condenou várias autoridades, vários empresários, inclusive banqueiro. Foi dali que começou todo esse trabalho de combate à corrupção, e (tiveram início) os projetos de lei que levaram a esse arcabouço jurídico, às normas de lei de combate ao crime organizado. Então, o Supremo está firme no combate à corrupção. Não é uma decisão que faz cumprir a Constituição que vai surtir efeito numa percepção quanto à corrupção”, frisou.

Toffoli falou sobre a sua relação com os demais ministros do STF. Segundo ele, “tenho uma boa relação com todos os ministros, admiração mesmo. Porque as pessoas que conseguiram chegar nesta Corte, seja no passado, seja no presente, são pessoas que mostraram ao longo de suas vidas ter toda a qualificação para vir pra cá. A importância de uma corte constitucional é ter a pluralidade de ideias. É essa pluralidade que faz a riqueza e a decisão ser mais legítima, mais reconhecida. Episódios como esse, ao longo da nossa gestão, diminuíram muito, cessaram mesmo. Uma ou outra vez que eu percebi que poderia haver algo eu já interferia, como presidente.

Sobre o voto no caso da Coaf, Toffoli garantiu que foi elogiadíssimo pelos membros da UIF (Unidade de Inteligência Financeira, antigo Coaf), que o consideraram tecnicamente perfeito. 

Questionado sobre ter tomado a decisão de suspender as investigações para beneficiar o senador Flávio Bolsonaro, Toffoli disse que “não foi. É porque já estava chegando para nós, seja do ponto de vista da Receita, ou do Ministério Público, que eles estavam se utilizando de instrumentos não judiciais para obter informações, para investigar. Se querem fazer isso, façam pelo Judiciário. Simples assim. Não pode haver investigação sem supervisão, investigação de gaveta”, disse.

Sobre a soltura do ex-presidente Lula, o ministro disse que aquilo que se dizia que haveria uma convulsão nas ruas, não aconteceu. E que jamais chegou a temer sobre isso. 

Dias Toffoli afirmou que o presidente Jair Bolsonaro tem “discurso permanente para a base que o elegeu, mas ele tem uma capacidade de diálogo também. É uma pessoa que muitas vezes é julgado pelo que ele fala, mas ele tem, no governo, pessoas e áreas de excelência funcionando muito bem.  Não vou dizer quais são, porque aí vou estar dizendo as que não estão indo bem. Mas são áreas de excelência, tem feito belíssimos trabalhos, tem tido diálogos com as instituições o tempo todo. A impressão, curiosamente, é que é um governo com aquela mensagem mais isolada, mais sectária para determinado segmento da sociedade, e não um governo de todos. Mas, no dia a dia, políticas públicas estão sendo desenvolvidas, como na área de infraestrutura. Na área da economia tem sido sempre feito um amplo diálogo com o parlamento.  E aqui mesmo no Supremo”, explicou.

Para o ministro, a Lava Jato foi muito importante, desvendou casos de corrupção, colocou pessoas na cadeia, colocou o Brasil numa outra dimensão do ponto de vista do combate à corrupção, não há dúvida. 

“Mas destruiu empresas. Isso jamais aconteceria nos Estados Unidos. Jamais aconteceu na Alemanha. Nos Estados Unidos tem empresário com prisão perpétua, porque lá é possível, mas a empresa dele sobreviveu. A nossa legislação funcionou bem para a colaboração premiada da pessoa física. Mas a da pessoa jurídica não ficou clara.  Então nós criamos um comitê interinstitucional para dar uma solução para esse problema. Muitas vezes o Judiciário pode ter essa função extrajudicial. Pela respeitabilidade, pode ser um árbitro para proposições e solução de problemas”, disse.

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