Presidente do STM despreza denúncias de tortura: "Garanto que não estragou a Páscoa de ninguém"
Áudios são referentes a sessões do Superior Tribunal Militar durante o regime militar no Brasil
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O ministro Luis Carlos Gomes, presidente do Superior Tribunal Militar (STM), desdenhou da divulgação de áudios que comprovam a prática de tortura durante o regime militar. Durante a primeira sessão da Corte após a revelação das gravações, o ministro disse que "simplesmente" ignorou o fato.
"Tivemos aí alguns comentários contra o nosso Tribunal ou contra a Justiça militar de uma forma geral", afirmou o ministro na sessão desta terça-feira (19). "Eu disse para o nosso Ascom que não faríamos nada, que não teríamos resposta nenhuma para dar. Simplesmente ignoramos uma notícia tendenciosa", acrescentou.
Ainda na sessão, o ministro disse que a divulgação dos áudios "não estragou a Páscoa de ninguém": "A minha não estragou". Ele também afirmou que "não tem nada para buscar hoje".
"Vão rebuscar o passado, mas só varrem um lado, não varrem o outro", argumentou. "Às vezes dói, dá vontade de você responder, sacudir e mostrar... não adianta. Você vai sacudir, não vai adiantar nada. Porque não muda. Passam-se os anos e as pessoas dizem as mesmas coisas, as mesmas besteiras, as mesmas idiotices", finalizou.
Os áudios que Gomes se referem, foram noticiados pelo jornal O Globo no último domingo (17), e mostravam gravações de sessões STM durante a ditadura militar, que revelam conversas sobre tortura.
historiador Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi o responsável por adquirir as mais de 10 mil horas de áudios. A partir do estudo foram descoberto relatos de tortura e como os ministros faziam comentários desrespeitosos sobre as vítimas, inclusive piadas a respeito dos torturados.
O vice-presidente do Brasil e general da reserva Hamilton Mourão, respondeu na segunda-feira (18), que "isso é história" e que não é possível apurar o caso porque "os caras já morreram tudo".
"É a mesma coisa da gente voltar para a ditadura do Getúlio, né. Então são assuntos já escritos em livros, debatidos intensamente, passado, faz parte da história do país", afirmou Mourão, que escreveu em seu Twitter, na terça-feira (19), que o golpe militar foi uma "revolução democrática".