Presidente Lula se reúne com Campos Neto nesta quarta (27)
O encontro, articulado por Haddad, busca relaxar a tensão entre ambos após duas quedas consecutivas na taxa de juros
Foto: Agência Brasil
O presidente Lula se encontrará pela primeira vez nesta quarta-feira (27), com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O encontro, articulado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem como objetivo promover uma maior aproximação e aliviar a tensão entre os dois.
Haddad escolheu um momento oportuno para articular esse encontro, logo após duas quedas consecutivas de 0,5 ponto percentual na taxa de juros. O ministro almoçou com Campos Neto na semana passada, para discutir sobre a viagem que fez a Nova York com Lula, demonstrando otimismo em relação ao interesse dos investidores no Brasil e à possibilidade de investimentos dos Estados Unidos na agenda verde brasileira.
Entretanto, o encontro entre Lula e Campos Neto ocorre em meio a queda da taxa de juros. A equipe econômica avalia que há espaço para que a taxa de juros termine o próximo ano abaixo de 9%, sem vislumbrar ameaça inflacionária no cenário.
No entanto, a ata divulgada pelo Banco Central nesta terça-feira (26), sinalizou a manutenção do ritmo de corte. "Os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", afirmou o BC na ata. Após a divulgação da ata do BC, integrantes do mercado passaram a considerar mais provável que a Selic se mantenha entre 9% e 10% até o final de 2024, em contraposição à avaliação de parte do governo de que seria possível atingir valores abaixo de 9%.
Campos Neto, desde o início da gestão petista, demonstrava disposição para um encontro com Lula, mas o presidente, crítico do alto patamar dos juros, demonstrava resistência. Lula chegou a se referir ao presidente do BC como "esse rapaz" e afirmou que ele não conhecia o Brasil. Campos Neto foi indicado para a chefia da política monetária por Jair Bolsonaro, com quem colaborou informalmente durante a campanha eleitoral.
Dada a queda dos juros e a proposta de encontro de Haddad, Lula aceitou se reunir com o presidente do BC. Para Campos Neto, essa possível aproximação é relevante devido ao calendário de nomeações. Até o final do ano, o presidente da República deverá indicar dois novos diretores do BC.