Primeira triatleta com Síndrome de Down do Brasil, Laís Oliveira supera o capacitismo para brilhar no esporte

Abrace as diferenças. Esse é o lema de Laís Oliveira, a primeira mulher triatleta do Brasil com Síndrome de Down. Ela, que também é dançarina, confeiteira e ainda encontra tempo para trabalhar em uma farmácia, enfrenta as barreiras do capacitismo e mostra o talento no esporte.

Natural de Alagoas, Laís mora atualmente em Camaçari, cidade da região metropolitana de Salvador. Inserida no mundo do esporte desde criança, ela começou a praticar triathlon durante a pandemia, com treinos no condomínio onde mora.

Por influência de Fred Matos, criador do projeto "Meu Sorriso", que busca ajudar pessoas com deficiência (PCD) e as famílias a ocuparem espaços na cidade, Laís participou de sua primeira competição em 2021.

"Meu começo foi marcante. A primeira prova em que competi foi em Araças (BA), e foi Fred [Matos] quem me incentivou a ir para o esporte, para o triathlon", afirmou.

Desde então, Laís já participou de diversas provas, tornando-se a primeira pessoa com deficiência a desafiar a Baía de Todos os Santos, nadando 7 dos 13 km do Desafio BTS Meu Sorriso. Ela também é a primeira triatleta com Síndrome de Down a participar da "Mãe Malvada", uma das principais competições do esporte no país, realizada em Juazeiro (BA) e Petrolina (PE).

Reprodução/Redes Sociais 

Patrícia Oliveira, mãe de Laís, destaca que os pais não devem impor limites ao desejo dos filhos de praticar esportes. "Recebemos muitas mensagens de famílias querendo saber: 'os meus podem fazer?'. E a mensagem que eu sempre deixo é: seu filho pode fazer tudo, se isso o faz feliz, seja qual for o esporte.", disse.

"Para mim, não existe esse limite de qual esporte não pode ser praticado. Talvez, por uma limitação ou outra, alguns tenham mais dificuldades, mas somos de um mundo de pessoas com deficiência [...] Se você gosta de algum esporte, vá em frente", diz Patrícia.

Em 2023, Laís conquistou o Campeonato Brasileiro de Triathlon na categoria PTDI — que inclui atletas com qualquer tipo de deficiência intelectual. A conquista é fruto de uma rotina intensa de treinamentos, que inclui pilates e academia para fortalecimento físico.

"Eu treino todos os dias. Treino bike, natação, corro, faço academia e pilates. Nado duas vezes por semana com o meu treinador, Matheus. Também pratico natação no mar", explica Laís.

Reprodução/Redes Sociais 

Mesmo com diversas conquistas e medalhas, a primeira triatleta com Síndrome de Down do país relata ter mais um sonho: disputar os Jogos Paralímpicos. "Meu objetivo, e muita gente está orando por mim na igreja, é participar das Paralimpíadas. Não tem vaga para mim, que tenho Síndrome de Down."

Atualmente, o Comitê Paralímpico Internacional (IPC, sigla em inglês) não considera a Síndrome de Down como uma deficiência específica, apenas como uma condição relacionada à capacidade intelectual. Isso dificulta a classificação de atletas com Down para as Paralimpíadas.

Por isso, foram criados os jogos especialmente para atletas com essa condição, os Trisome Games, cuja última edição foi realizada em março deste ano, na Turquia. A competição, no entanto, não inclui o triathlon.

Apesar dos questionamentos sobre sua capacidade de ser uma grande atleta do triathlon, Laís continua inspirando outras pessoas com Síndrome de Down a praticarem esportes.

"Estou inspirando muita gente a praticar esportes, a não desistirem, a manterem a disciplina. E todos os dias publico minha rotina de treinos no Instagram", afirmou.

Para conhecer mais sobre a história de Laís Oliveira, a primeira triatleta com Síndrome de Down do Brasil, assista ao episódio desta terça-feira (17) do podcast "Fala Bola", uma produção da FB Comunicação.

Confira mais no vídeo abaixo: