Promotores tunisianos abrem investigações de corrupção contra principal partido islâmico
Kais Saied afirma que é preciso estabilizar um país em crise econômica
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Promotores tunisianos abriram uma investigação sobre um suposto financiamento estrangeiro de campanha e doações anônimas ao movimento islâmico Ennahdha, maior partido no Parlamento tunisiano. De acordo com a imprensa local,o presidente Kais Saied suspendeu todas as atividades do movimento e, além disso, demitiu o primeiro-ministro e membros-chave do gabinete.
Na decisão, o presidente afirmou que era necessário estabilizar um país em crise econômica e de saúde. Mas o Ennahdha e outros críticos o acusam de ultrapassar os limites constitucionais e promover um golpe de Estado, ameaçando a democracia da Tunísia. Nesta quarta-feira (28), o porta-voz da promotoria, Mohsen Daly, disse à rádio Mosaique FM que as investigações foram abertas em meados de julho. Na ocasião, ele detalhou que as apurações ocorriam na agência nacional anticorrupção do país e na Comissão da Verdade e Dignidade da Tunísia, criada para enfrentar os abusos durante as décadas de governo autocrático da Tunísia.
O líder do Ennahdha, Rachid Ghannouchi, disse no início da semana que o partido é um alvo perfeito para culpar pela crise no país. As reações às decisões de Saied foram diversas. Omar Oudherni, brigadeiro do Exército aposentado, por exemplo, minimizou as preocupações de um retorno ao autoritarismo. "O povo tunisino não silenciará sobre nenhum tirano e resistirá se o presidente for longe demais'', afirmou.