PSDB aprova fusão com Podemos e tenta manter controle do novo partido

A sigla nasce com pretensões nacionais, mas sem um nome forte para concorrer à Presidência

Por FolhaPress
Ás

PSDB aprova fusão com Podemos e tenta manter controle do novo partido

Foto: Presidente Nacional do PSDB, Marconi Perillo - Edilson Rodrigues/Agência Brasil

O PSDB aprovou nesta quinta-feira (5) a fusão com o Podemos, na tentativa de sobreviver à cláusula de desempenho e se manter relevante no cenário político nacional.

O evento deu poderes para a Executiva do partido negociar a elaboração do novo estatuto e programa partidário, e os tucanos ainda tentam manter o controle da nova legenda.
Há uma divergência entre os dois partidos sobre quem comandará a sigla.

O Podemos reivindica a presidência para a deputada Renata Abreu (Pode-SP), por ser maior do que o PSDB atualmente. Já os tucanos querem convencer Renata a fazer um rodízio nas funções, com cada grupo assumindo o comando por seis meses, pelo menos até a eleição municipal.

Esses pontos serão negociados ao longo do próximo mês, enquanto os novos programa e estatuto são elaborados.

A expectativa é dar entrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o pedido em julho e receber o aval até setembro ou outubro. Após isso, os dirigentes querem negociar também uma federação com outros partidos, como o Solidariedade.

Nesta quinta-feira, os dirigentes nacionais do PSDB aprovaram a fusão por 201 votos a 2. Também concederam poderes para a Executiva negociar os trâmites finais, com apoio de 199 votos a 4.

Embora seja tratada como uma fusão pelo simbolismo, na prática haverá uma incorporação do Podemos pelos tucanos para evitar punições pelo rompimento antecipado da federação com o Cidadania.

O novo partido se chamará provisoriamente PSDB+Podemos, provavelmente até a eleição nacional. O nome definitivo deve ser decidido após pesquisas e consulta aos filiados.

A sigla nasce com pretensões nacionais, mas sem um nome forte para concorrer à Presidência. O mais cotado, até então, era o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, mas ele preferiu se desfiliar em maio e entrar no PSD, ainda com o discurso de que poderá concorrer à Presidência.

Aliada de Leite, a ex-prefeita de Pelotas Paula Mascarenhas (PSDB) participou da convenção e votou a favor da aliança com o Podemos.

O PSDB também perdeu a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, para o PSD, e vê investidas de outros partidos sobre o seu último governador. Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul) participou por videoconferência e declarou que "apoia integralmente" a fusão.

A fusão ocorre após a legenda praticamente definhar após ver seus principais líderes atingidos pela operação Lava Jato e pelo surgimento do bolsonarismo.

O PSDB chegou a eleger 99 deputados federais e sete governadores em 1998, além de contar com 16 senadores. Na eleição nacional passada, sequer lançou candidatura própria para a Presidência e elegeu apenas 13 deputados federais, três governadores e nenhum senador. Em 2024, teve sua pior eleição municipal da história.

Já o Podemos ganhou esse nome sob a presidência da deputada Renata Abreu, cujo pai foi fundador do então Partido Trabalhista Nacional. A sigla tentou lançar a candidatura do ex-juiz Sergio Moro em 2022, mas rompeu com ele antes da disputa.

A convenção do PSDB ocorreu de forma híbrida, com parte dos filiados votando pela internet, e em tom saudosista, com lembrança de programas do governo FHC. "Esperem desse novo PSDB, radical no que importa, voltar a governar o Brasil e os maiores estados", disse o deputado Aécio Neves (MG).

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:redacao@fbcomunicacao.com.br
*Os comentários podem levar até 1 minutos para serem exibidos

Faça seu comentário