Quadro de Van Gogh saqueado por nazistas pode ser leiloado por até R$ 165 milhões
A pintura retrata o estilo de vida pastoral em Arles, na França
Foto: Reprodução
Após um século desde que foi vista pela última vez em público, uma pintura vibrante de Vincent van Gogh, que já foi apreendida pelos nazistas, está sendo leiloada. A aquarela de uma cena de colheita, nomeada de “Meules de blé” (“Pilhas de trigo”), mostra mulheres trabalhando nos campos em Arles, na França, e deve ser vendida por até R$ 165 milhões.
Van Gogh fez a pintura em 1888, após ir para o interior da França em meio a um período de saúde debilitada. Em Arles, ele se apaixonou pelo estilo de vida pastoral do local, e “Meules de blé” foi uma das várias obras com o tema da colheita que ele criou durante esse período.
A Christie’s, casa de leilões por trás da venda, destacou em seu catálogo que a aquarela demonstra a “obsessão de Van Gogh com o japonismo”, que o fez adotar um estilo mais gráfico semelhante às xilogravuras japonesas.
Apesar da cena tranquila retratada na pintura, ela tem uma história conturbada. Pertencente inicialmente ao irmão de Van Gogh, Theo, mais tarde mudou de mãos e foi comprada por Max Meirowsky, um industrial judeu, em 1913.
Meirowsky enfrentava perseguição antissemita na Alemanha que, ao ser forçado a fugir, confiou a pintura a um alemão concessionário de arte em Paris, segundo a casa de leilões Christie’s.
A pintura foi para as mãos de Miriam Caroline Alexandrine de Rothschild, que fugiu para a Suíça após a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Durante a ocupação da França, nazistas saquearam a coleção de De Rothschild, levando “Meules de blé”, entre outras peças.
Após vendas e exibições, a aquarela foi vista pela última vez em público em 1905, quando foi exposta como parte de uma retrospectiva de Van Gogh no Museu Stedelijk em Amsterdã.
Obras de arte saqueadas pelos nazistas têm estado no centro de disputas de propriedade nos últimos anos. Dentre eles estão o “inverno” impressionista de Gari Melchers, confiscado pelos nazistas de uma família judia e só recentemente foi devolvido aos seus descendentes. E um retrato de Camille Pissarro, no centro de um desentendimento de longa data entre a Universidade de Oklahoma e o herdeiro de um família judia francesa.