Quase 70% das pessoas com glaucoma no Brasil não sabem que têm a doença, aponta SBG
A doença não tem cura, mas o diagnóstico precoce pode evitar uma cegueira irreversível
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De forma silenciosa, o glaucoma pode acometer o nervo óptico e comprometer toda a visão, caso não seja diagnosticada e tratada corretamente, já que a doença é a principal causa de cegueira irreversível em todo o mundo. E foi com o objetivo de chamar a atenção da população para a importância de se consultar com o oftalmologista que o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma foi instituído neste domingo (26).
"O grande problema é que é uma doença silenciosa na fase inicial. O glaucoma hoje é a principal causa de cegueira irreversível no mundo. Não só no Brasil, mas no mundo. Muito disso em função do diagnóstico ser mais tardio. A grande preocupação com o glaucoma é o diagnóstico precoce porque é uma doença que não apresenta sintomas", explica a oftalmologista Christine Sampaio em entrevista ao Farol da Bahia.
Existem alguns tipos de glaucoma, o primário de ângulo aberto, glaucoma agudo, o congênito e o secundário. Segundo a especialista, o mais comum entre os pacientes é o primário de ângulo aberto, mas a doença também pode ser desencadeada por uso de alguns tipos de medicamentos, por exemplo corticoides e colírio.
Uma estimativa da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) aponta que mais de 2,5 milhões de pessoas têm a doença no Brasil e quase 70% do total desconhecem a enfermidade. Por não ter sintomas iniciais, o indivíduo só percebe após ter parte da visão comprometida.
"A perda de visão no glaucoma vem, geralmente, da periferia para o centro, por isso que é mais difícil da pessoa perceber. Ela vai perdendo o campo visual, mas na periferia, e à medida que vai avançando, que vai chegando mais para a visão central é que a pessoa começa a perceber. É a partir daí que o paciente se bate em alguma coisa do lado, às vezes tem um grau e sente dificuldade de ver embaixo até a forma mais grave que é quando tem a perda total da visão", disse a doutora sobre o tipo mais comum da doença.
No caso do glaucoma de ângulo fechado, o paciente apresenta um quadro de dor intensa, olhos vermelhos, dor de cabeça e náusea.
Grupos de risco e prevenção
O glaucoma pode ser desenvolvido em qualquer pessoa, mas a doença é muito mais frequente em determinados grupos, como os de alta miopia, pessoas com mais de 40 anos, da raça negra, com histórico familiar, entre outros.
"O glaucoma primário de ângulo aberto é muito mais frequente em afrodescendentes. Então, a população afrodescendente precisa ter esse cuidado. O de ângulo fechado já é mais comum na população asiática", explica a Dra. Christine Sampaio
A doença geralmente progride de forma assintomática, em razão da ausência de dor ou de outro tipo de incômodo nos olhos, e por essa razão, a única maneira de detectar é submetendo-se a exame ocular. Quanto antes for diagnosticado e tratado, maior a probabilidade de não ter a visão afetada, conforme destaca a profissional.
"O recomendado é fazer a avaliação oftalmológica anual. Na consulta de rotina, a gente mede a pressão ocular e avalia o fundo de olho. Na grande maioria das vezes, a pressão ocular está elevada e existem casos de glaucoma de pressão normal, mas não é o mais comum. Qualquer indício de que está tendo algum comprometimento, a gente já pede os exames complementares para olhar se tem glaucoma ou não", disse.
"Por isso que tem essa campanha do Maio Verde, da importância de estar fazendo o exame regularmente, de não esperar sentir alguma coisa para procurar o médico", acrescentou.
Doença não tem cura, mas tem controle
Por ser uma doença que não tem cura, o tratamento tem o objetivo de controlar a pressão intraocular e prevenir danos adicionais ao nervo óptico, evitando o seu agravamento. "O glaucoma não tem cura, mas ele tem controle. A pessoa tem o diagnóstico, usa a medicação correta e faz o acompanhamento porque hoje existem várias opções de tratamento de glaucoma. Entre elas, o laser, cirurgia e colírio. O tratamento é individualizado e depende do tipo do glaucoma e do seu grau", destacou a oftalmologista.
É importante lembrar que o acompanhamento médico também é fundamental para os pacientes que já fazem o tratamento ocular, principalmente para verificar se a doença está sendo controlada corretamente.
Quando o tratamento não é realizado pelo paciente, a consequência é a perda irreversível da visão.