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Quase 8% das pessoas inférteis usam medicamentos para saúde mental, de acordo com estudo inédito realizado por médica baiana!

Pesquisa será apresentada no 29º Congresso Brasileiro de Reprodução Assistida, em São Paulo

Por Michel Telles
Às

Quase 8% das pessoas inférteis usam medicamentos para saúde mental, de acordo com estudo inédito realizado por médica baiana!

Foto: Divulgação

Um estudo inédito, realizado em Salvador, e liderado pela médica baiana Gérsia Viana, especialista em medicina reprodutiva e diretora do Cenafert, concluiu que 7,8% dos pacientes inférteis fazem uso de medicamentos psicotrópicos. O estudo intitulado "Uso de psicotrópicos em população infértil: prevalência, perfil etário e relação com tempo de infertilidade" será apresentado no 29º Congresso Brasileiro de Reprodução Assistida (CBRA 2025), que acontece de 5 a 8 de outubro, em São Paulo. "Poucos estudos avaliam a prevalência dessas medicações neste grupo e sua relação com fatores clínicos. É fundamental avaliar o impacto emocional do diagnóstico e do tratamento de infertilidade em homens e mulheres e criar alternativas para reduzir o estresse e a ansiedade e acolher esses pacientes", destaca a médica Gérsia Viana.

Realizado entre janeiro de 2023 e dezembro de 2024, o estudo avaliou 495 casais atendidos em primeira consulta de reprodução assistida. A prevalência geral de uso de psicotrópicos foi de 7,8% dos indivíduos, sendo maior entre as mulheres (9,5%) que entre os homens (6,1%). A idade média foi de 37,7 anos. As causas da infertilidade foram femininas em 34,3% dos casos, masculinas em 33,1%, mistas em 13,1% e indefinidas em 19,4%.

"Os dados reforçam a importância do suporte de equipes multidisciplinares para atendimento das pessoas inférteis nos centros de reprodução assistida", esclarece Gérsia Viana, responsável pelo estudo. “O acompanhamento psicológico faz toda diferença para o enfrentamento da infertilidade”, acrescenta.

Entre as mulheres, a classe mais frequente de psicotrópico usado foi o antidepressivo ISRS (38,3%), enquanto entre os homens houve distribuição mais homogênea entre ISRS (13,3%), IRSN (10,0%) e ansiolíticos não especificados (10,0%).  Os antidepressivos ISRS (Inibidores seletivos da recaptação de serotonina) e  IRSN (inibidores seletivos da recaptação da serotonina e da norepinefrina) agem no Sistema Nervoso Central para aumentar a biodisponibilidade de serotonina e norepinefrina, neurotransmissores associados ao bem-estar, regulação do humor e do sono, controle do estresse, depressão e ansiedade.

Se por um lado, pacientes que lutam contra a infertilidade, muitas vezes, acabam tendo que tratar sua saúde mental, por outro, o próprio tratamento medicamentoso deve ser criteriosamente bem avaliado pela equipe médica. O uso de determinados medicamentos psicotrópicos, como alguns  antidepressivos e  ansiolíticos, pode causar alterações hormonais e afetar a condição de fertilidade de homens e mulheres . "O paciente que faz uso desses medicamentos e está tentando ter filhos deve discutir seu caso com seus médicos para avaliar as opções de medicamentos e dosagens seguros que não afetem a fertilidade", esclarece Gérsia Viana.

Além dos impactos na fertilidade, alguns psicotrópicos específicos também podem causar problemas durante a gravidez e expor a mãe e o bebê. “É fundamental que o uso desses medicamentos seja discutido e acompanhado por psiquiatra e obstetra para que avaliem as substâncias e doses mais seguras", afirma a especialista. “O uso de alguns ansiolíticos pode expor o bebê a riscos, como malformação congênita, síndromes neonatais e problemas respiratórios”, explica Gérsia Viana

“Além do suporte com psicólogo, as técnicas de relaxamento, a meditação, a ioga pré-natal são alternativas seguras para o momento da gravidez”, afirma a especialista.

Suporte psicológico

Além de todos os impactos na saúde mental, a condição de infertilidade pode afetar o relacionamento conjugal e as relações sociais, repercutindo também em todos os aspectos da vida do casal até no âmbito profissional.

Para a psicóloga Liliane Carmen Souza dos Santos, do Cenafert, que também integrou a equipe da pesquisa, o acompanhamento psicológico é importante para os homens e mulheres que estão diante do diagnóstico e tratamento de infertilidade, pois auxilia os casais a lidarem com os sentimentos e emoções que surgem nesse processo, além de possibilitar estratégias de enfrentamento que beneficiam tanto a saúde emocional quanto a fertilidade. “Ter práticas de autocuidado que incluem, alimentação saudável, higiene do sono, descanso, atividades físicas, autoconhecimento e conexão social, traz diversos benefícios para a saúde física, mental e contribui positivamente para a qualidade de vida, saúde e bem-estar do casal que está tentando ter filhos”, afirma a psicóloga.

"O acompanhamento psicológico e as terapias complementares são aliados importantes dos pacientes que buscam tratamentos para infertilidade", conclui Gérsia Viana.

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