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Raio-x da rede móvel: reclamações e promessas de investimento marcam 1º ano de 5G na Bahia

Em funcionamento desde agosto do ano passado, quinta geração de internet móvel é alvo de reclamações na capital e interior do estado

Por Otávio Queiroz
Ás

Raio-x da rede móvel: reclamações e promessas de investimento marcam 1º ano de 5G na Bahia

Foto: Reprodução/PxHere

Tirar e compartilhar fotos, ouvir músicas, assistir a filmes e séries e jogar games online. Atividades como essas, que antes demandavam uma infinidade de equipamentos diferentes para serem realizadas, hoje estão disponíveis em um só lugar: no seu smartphone. A evolução tecnológica propicia não apenas momentos prazerosos, mas também molda a sociedade e contribui, inclusive, para o surgimento de novas atividades e profissões. E se antes era necessário estar atrás de um trambolho com mais de 10kg para ter acesso à internet, hoje é possível estar conectado e usufruir de tudo que o ambiente online tem a oferecer através de um dispositivo com menos de 200 gramas, na palma da sua mão, de maneira fácil e prática.

Para que tudo isso funcione bem, é preciso de um detalhe bem importante: uma rede móvel robusta e de qualidade. Mas será que essa é a realidade que temos em Salvador e na Bahia? O Farol da Bahia foi atrás de consumidores, ouviu operadoras de telefonia móvel e buscou a agência reguladora do setor para traçar um raio-x da rede móvel na capital e interior do estado.

País cada vez mais conectado

O Brasil tem, atualmente, mais smartphones ativos do que habitantes. É isso que aponta um levantamento anual divulgado pela Fundação Getúlio Vargas no ano passado. Segundo os dados, são 242 milhões de celulares inteligentes em uso no país, que tem pouco mais de 214 milhões de habitantes, de acordo com o IBGE. Esse número aumenta para 352 milhões se incluirmos outros dispositivos móveis, como notebooks e tablets.

Se olharmos para o cenário global, dentre 193 países, o Brasil ocupa a quinta colocação no ranking de países com a maior quantidade de usuários de smartphones em todo o mundo, ficando atrás somente da Indonésia, Estados Unidos, Índia e China. Todos esses países possuem uma população maior que a do Brasil.

O mercado de smartphones é, inclusive, um dos mais lucrativos do mundo. Dados mais recentes, divulgados pela Counterpoint em 2022, mostram que as vendas globais dos aparelhos superaram os US$ 448 bilhões em 2021. A pesquisa, denominada Market Monitor, mostra que o crescimento anual chega a 7%, mesmo com a recente crise na cadeia de suprimentos gerada pela pandemia.

Quando se olha para o cenário local, o crescimento também marca presença. No segundo trimestre de 2022, o mercado de celulares no Brasil registrou alta de 3,1%, quando foram vendidos 11,3 milhões de aparelhos, cerca de 345 mil a mais do que no mesmo período do ano anterior. Em termos de receita, os meses de abril, maio e junho deste ano somaram cerca de R$ 17 bilhões, 14,1% a mais do que no mesmo período de 2021, e contribuíram para um resultado total do semestre de R$ 36,7 bilhões, alta de 16,8% frente aos seis primeiros meses de 2021.

Os dados são parte do estudo IDC Brazil Mobile Phone Tracker Q2/2022, da IDC Brasil, que atua em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências com as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações.

Insatisfação também em alta

Se por um lado o número de vendas de aparelhos móveis está em alta, a satisfação do consumidor de telefonia móvel segue o caminho oposto. É muito comum encontrar relatos, em redes sociais e sites como o Reclame Aqui, de usuários insatisfeitos com os serviços prestados pelas operadoras de telefonia móvel

Além de queixas relacionadas à cobranças indevidas, grande parte das reclamações referem-se à qualidade do serviço prestado, principalmente em relação à internet sem fio. No Brasil, as redes mais acessadas são a 2G, 3G, 4G e, mais recentemente, a 5G, lançada oficialmente no Brasil no meio do ano passado.

Apesar do alto número de queixas compartilhados na internet, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) apontou uma queda de 23% no volume de reclamações ao longo dos últimos anos. De acordo com o Relatório Panorama das Reclamações de 2022, as reclamações registradas pelos consumidores no órgão atingiram o menor patamar dos últimos anos: foram 1,73 milhão de reclamações recebidas, número 22,6% menor que o volume do ano anterior (2,24 milhões).

Para o especialista em Direito e Advocacia Empresarial e Direito do Consumidor, Mateus Nogueira, a diminuição no número de reclamações registrada pelo órgão, no entanto, não significa, necessariamente, uma melhora no serviço oferecido pelas operadoras. "Esses números podem muito bem fazer parte do efeito pandemia. Durante a quarentena, grande parte das pessoas deixaram de sair e utilizar o serviço de internet móvel nas ruas. Com isso, ele foi trocado pelo Wi-Fi de casa ou do escritório. Então, pode não usar a rede, o consumidor não notava a deficiência do serviço", explica ele.

É difícil encontrar quem nunca tenha tido problemas com internet móvel na capital baiana. Desde lentidão à redes indisponíveis, as falhas são mais comuns do que se imagina. "Moro na região do subúrbio e quase que diariamente enfrento problemas ao utilizar a minha internet do celular. Em muitos locais, não consigo nem sequer ter sinal da operadora", reclama a professora Iris Xavier, moradora do bairro de Paripe e que utiliza a rede da TIM diariamente para ir ao trabalho, já que depende de aplicativos de transporte para realizar o deslocamento.

Para a motorista de aplicativo Joana de Assis, os transtornos ao utilizar o serviço da Claro também são quase que diários. "É muito comum ter problemas até mesmo para iniciar ou finalizar uma corrida, já que, em determinadas regiões, parece que a internet móvel simplesmente não existe", conta ela.

Para Mateus Nogueira, a grande vilã nesses casos é a própria infraestrutura utilizada pelas operadoras brasileiras. "Essa limitação técnica se dá pelo fato das operadoras não disponibilizarem uma infraestrutura robusta e que atenda a todo esse tráfego demandado pelos usuários. O número de estações rádio base [equipamentos que fazem a conexão entre os celulares e a companhia telefônica] é muito abaixo do que deveria ser ̈, afirma ele, que ainda traz uma comparação com outros países. "O Brasil está muito abaixo em termos de infraestrutura se compararmos o cenário com o de outros países, inclusive sul-americanos, como o Chile e Uruguai", completa.

5G: uma possível evolução?

A quinta geração de internet móvel chegou ao país em julho do ano passado prometendo maior estabilidade e rapidez. Em termos técnicos, a tecnologia oferece velocidade média de 1 Gigabit (Gbps), dez vezes superior ao sinal 4G, com a possibilidade de chegar a até 20 Gbps. O sinal ainda tem menor latência (atraso) na transmissão dos dados, fornecendo uma internet ideal para usuários que jogam online, por exemplo.

Em Salvador, o 5G chegou em agosto do mesmo ano e, atualmente, possui a nova geração de internet móvel disponível em mais de 50 bairros: a TIM oferece cobertura em mais de 70 bairros, a Claro em 15 e a Vivo em 16. A divisão é a seguinte:

Claro - Barra, Caminho das Árvores, Campo Grande, Candeal, Canela, Chame-Chame, Federação, Graça, Horto Florestal, Itaigara, Jardim Apipema, Ondina, Parque Bela Vista, Pituba e Politeama.
 
TIM -  Acupe de Brotas, Alto das Pombas, Alto do Coqueirinho, Amaralina, Arenoso, Armação, Arraial do Retiro, Barbalho, Barra, Barreiras, Barris, Boca do Rio, Brotas, Cabula, Cabula VI, Caixa D'Água, Caminho das Árvores, Campinas de Brotas, Campo Grande, Canabrava, Candeal, Canela, Centro, CAB, Chame-Chame, Cidade Nova, Cosme de Farias, Costa Azul, Curuzu, Daniel Lisboa, Dois de Julho, Doron, Engenho Velho da Federação, Engenho Velho de Brotas, Engomadeira, Federação, Garcia, Graça, Horto Florestal, Iapi, Imbuí, Itaigara, Jaguaribe, Jardim Nova Esperança, Jardim Placaford, Luis Anselmo, Macaúbas, Matatu, Narandiba, Nazaré, Nordeste, Nova Brasília, Ondina, Parque Bela Vista, Patamares, Pau Miúdo, Pelourinho, Pero Vaz, Piatã, Pituaçu, Pituba, Politeama, Rio Vermelho, Saboeiro, Santa Cruz, Santa Mônica, Santo Antonio, São Gonçalo do Retiro, São Marcos, Saúde, Sete de Abril, Stiep, Sussuarana, Tancredo Neves, Tororó, Vila Laura e Vitória. 
 
Vivo - Amaralina, Cabula, Caminho das Árvores, Candeal, Canela, Costa Azul, Garcia, Graça, Horto Florestal, Iguatemi, Itaigara, Ondina, Parque Bela Vista, Pituba, Rio Vermelho e Santa Cruz.

Apesar das promessas, o 5G também tornou-se alvo de reclamação dos soteropolitanos. Entre as principais queixas, está a baixa cobertura e a oscilação constante da velocidade durante o uso. “Praticamente não dá pra utilizar o 5G em Salvador porque a cobertura ainda é deficiente por aqui. Você sai de uma rua para outra e quando vai ver, o 5G já não funciona mais”, conta o estudante Iuri Cerqueira.

Promessas de mais investimentos

Apesar das reclamações, a Anatel disse, em nota enviada ao Farol da Bahia, que todas as operadoras estão seguindo o cronograma de implantação da rede 5G na capital e interior do estado. Ainda segundo o órgão, 12 municípios já possuem estações do 5G licenciadas na faixa de 3,5 GHz. São eles: Camaçari, Feira de Santana, Ilhéus, Itabuna, Itacaré, Juazeiro, Lauro de Freitas, Mata de São João, Porto Seguro, Salvador, Simões Filho e Vitória da Conquista.

A entidade ainda afirma que a estratégia de implantação de novas antenas variam de operadora para operadora e que segue atuando em prol do consumidor, priorizando medidas de acompanhamento, tais como, de educação, orientação, monitoramento e cooperação para adequação dos procedimentos pelas prestadoras e melhoria contínua dos serviços.

O Farol da Bahia também procurou as operadoras atuantes no estado. No caso da TIM, a companhia afirma a importância da Bahia em sua estratégia de crescimento e que, por esse motivo, tem feito um robusto investimento na área de redes. Segundo a empresa, no fim de 2023, a companhia ativou a rede 4G em todos os 417 municípios baianos, incluindo 130 distritos. Em junho deste ano, a novidade foi a ampliação da rede 5G para 100% dos bairros de Salvador, disponibilizando a novidade em todos os 170 bairros da capital baiana.

Ainda de acordo com a companhia italiana, importantes polos econômicos e turísticos do estado, como Complexo de Sauípe, Imbassaí e Praia do Forte, também contam com a tecnologia de quinta geração, bem como as cidades de Lauro de Freitas e Camaçari. “Até o fim do triênio (2023/25), a TIM planeja investir R$ 13,3 bilhões, priorizando o 5G e ampliando a sua rede com a meta de tornar-se a melhor operadora móvel do Brasil”, completa a nota.

A Vivo por sua vez diz que o 5G da companhia está disponível em todas as capitais do Brasil e que, na Bahia, os municípios de Salvador, Feira de Santana, Itabuna, Lauro de Freitas, Camaçari e Porto Seguro já contam com a cobertura de quinta geração da Vivo. Ela ainda frisa que a expansão da rede 5G para outras regiões é gradual e evolui de acordo com capacidades técnicas, demanda e autorizações para instalações de antenas.

Por fim, a Claro "destaca a importância da Bahia, estado em que a operadora conta com mais de 5,3 milhões de clientes e é líder em participação de mercado em Salvador, com mais de 46% das linhas ativas. Em todo o estado, a operadora mantém investimentos em tecnologia e infraestrutura de rede de alta qualidade para garantir a eficiência da rede móvel, em todas as gerações de internet". A operadora ainda informa que, atualmente, Salvador, Feira de Santana, Camaçari e Vitória da Conquista já contam com o Claro 5G+, "a internet móvel 5G mais rápida, estável e com a menor latência do Brasil, segundo estudo realizado pelo Speedtest, da Ookla".

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