Reajuste no preço dos medicamentos pesa no bolso de quem faz tratamento diário
Governo autoriza aumento de 10,89% em 2022
Foto: Agência Brasil
A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), do governo federal, autorizou reajuste de 10,89% no preço dos medicamentos no início deste mês e, desde então, os brasileiros já sentem o impacto no bolso quando precisam ir a farmácias ou drogarias. Dados do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) apontam que esse é o segundo maior aumento em dez anos. O reajuste só não foi maior que em 2016, quando os medicamentos tiveram alta de 12,5%.
Não bastasse os impactos econômicos causados pela pandemia do novo coronavírus e a disparada do preço dos combustíveis, que afeta fortemente o valor de itens básicos, a alta no preço dos medicamentos também começou a mexer no orçamento das famílias no Brasil. O reajuste aplicado pelas farmacêuticas prejudica, sobretudo, pessoas que precisam fazer tratamentos diários. Esse é o caso da dona de casa Marivalda Silva, de 53 anos, que descobriu recentemente que está com nível alto de açúcar no sangue.
Em entrevista ao Farol da Bahia, ela contou que precisa tomar dois medicamentos todos os dias para abaixar a glicose e o colesterol. Segundo a dona de casa, um dos remédios custa, em média, R$ 109. “Eu já achava caro, agora eu não sei onde vamos parar. Está tudo caro. Nós precisamos ir ao mercado porque alimentação é uma necessidade e penso o mesmo sobre comprar remédio. Ninguém compra remédio porque quer, é uma necessidade. Mesmo estando caro, preciso abrir mão de algumas coisas para poder comprar os medicamentos mensalmente. Não dá para deixar de comprar o básico”, disse Marivalda.
“No mês passado, comprei o remédio que tomo para diminuir o açúcar por R$ 109. Agora, com o anúncio do reajuste, já estou me preparando para desembolsar uma quantia maior no mês que vem. Fazendo uma busca nas farmácias virtuais, entrei o mesmo remédio até por R$ 121,00. O aumento pode parecer pouco, mas para mim é muito. Já achava caro”, completou.
Foto: Arquivo Pessoal/Marivalda Silva
Embora não possa parar de tomar os medicamentos do tratamento, Marivalda Silva afirmou que vem adotando outras estratégias para evitar gastos quando precisa de outros remédios. Uma delas, por exemplo, é optar pelos chás. “Como uma boa dona de casa e mãe, essa dica é muito precisa. As ervas naturais podem ajudar em muitos tratamentos. Quando sinto uma dor na barriga, prefiro tomar um chá de erva doce porque dez saquinhos custam, em média, R$ 3,20. Muita mais barato do que recorrer a farmácia de imediato”, afirmou.
Alta
O reajuste de 10,89% no preço dos medicamentos leva em conta a inflação e o fator Y, divulgado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), que calcula os custos de produção não captados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), como, por exemplo, variação cambial e tarifas de eletricidade. O cálculo feito para atualizar o preço dos remédios no Brasil é feito uma vez por ano pela Cmed e tem como principal base a inflação. Em 2021, o reajuste foi de 8,15%.