Realitys X Vida Real: arquiteto relata os dilemas e desafios de uma obra completa
Márcio Barreto, especialista em arquitetura acessível, fala sobre as etapas necessárias para que uma obra aconteça de forma concreta
Foto: Divulgação
Programas focados em reformas de casa, arquitetura e decoração são considerados sucessos na televisão brasileira e no mundo. A exibição das etapas de obras e reformas residenciais, como antes e depois, realizadas por profissionais de arquitetura em realitys, se tornou uma fórmula lúdica e bem-sucedida de registrar e visibilizar projetos executados em tempo recorde.
Ainda hoje, os realitys, com foco em reformas de casas conquistam o público em plataformas de streaming e canais pagos. Devido à grande aceitação e sucesso, os programas continuam a investir na fórmula de franquear noções de decoração a não-iniciados, em meio a altas expectativas dos clientes e prazos muito apertados.
Para o arquiteto Márcio Barreto, os projetos de arquitetura de interiores exibidos durante os realitys, acabaram se tornando parâmetro em relação ao tempo de execução do projeto e qualidade apresentada.
Márcio pontua que esses programas passam a ideia de que toda a reforma pode ser realizada em um curto espaço de tempo, sem exibir os imprevistos e situações que seguem processos específicos até a sua finalização.
“A principal diferença entre o que é feito nos realitys e a vida real é o tempo de execução de uma reforma. Alguns programas apresentam que é possível reformar toda uma casa/apartamento em menos de um mês e isso gera uma grande expectativa na população que acompanha, o que é frustrante quando se conhece a realidade”, destaca.
Barreto traz o alerta de que uma reforma, diferentemente do que é apresentado na televisão, geralmente depende de muitos materiais e variáveis. Por este motivo, é preciso considerar os itens que só podem ser comprados ou confeccionados após o desenvolvimento de alguns serviços, como é o caso das bancadas de granito.
O arquiteto aponta, como exemplo, a reforma total de um apartamento de 2/4, e explica que para esta obra é necessário considerar a mudança de todos os pisos, revestimentos, bancadas, inserção de forro de gesso, móveis em marcenaria etc. Márcio ressalta que todo esse processo tem duração média de quatro a seis meses. “Lembrando ainda que, antes de iniciar a reforma, é necessário desenvolver o projeto que durará de 45 a 60 dias para finalização”, salienta Márcio.
Para o especialista em arquitetura acessível, a maneira principal de reduzir o tempo de desenvolvimento de uma reforma é planejando e fazendo o maior número de compras possíveis de materiais antes do seu início, recebendo os produtos e armazenando. “Dessa forma, é possível evitar que o atraso na entrega de algum item prejudique o cronograma total da reforma”, frisa.
A respeito de transformações rápidas, Márcio Barreto revela que é possível fazer mudanças nos ambientes de forma acessível e ágil, como a pintura de uma parede, instalação do papel de parede e mudança de luminárias. “Essas são alterações capazes de gerar uma grande diferença no espaço. Mas quando falamos de reforma em ambientes, com mudança geral de acabamentos, será preciso mais dias para a conclusão de um serviço com qualidade” conclui.