Receita cumpre mandados na Bahia e em outros três estados em operação contra esquema de lavagem de dinheiro do tráfico
Operação investiga organização criminosa que já teve sete integrantes condenados pela Justiça
Foto: Divulgação/Receita Federal
A Receita Federal cumpre sete mandados de prisão e 23 de busca e apreensão, na manhã desta quinta-feira (14), nos estados da Bahia, Rio Grande do Norte, São Paulo e Pará, em operação contra lavagem de dinheiro praticada por uma organização criminosa ligada ao tráfico de entorpecentes.
A “Operação Argento” dá continuidade à “Operação Plata”, realizada em fevereiro de 2023. Segundo as investigações, mesmo com a prisão de diversos integrantes, o grupo continuou praticando os crimes através de novos participantes com responsabilidades na movimentação e ocultação dos recursos dos crimes.
O dinheiro obtido com o tráfico entrava no sistema financeiro através de pessoas físicas sem capacidade socioeconômica, conhecidas como “laranjas”. Grande parte dos depósitos era realizado em espécie. A partir disso, ocorria a movimentação financeira em contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas, desvinculadas de qualquer atividade econômica, para dificultar o rastreio.
Os valores eram encaminhados ao grupo responsável pela construção, reforma e comercialização de imóveis de luxo, completando o ciclo de lavagem de ativos. Em 2023, a suspeita era de que o grupo criminoso tinha lavado mais de R$ 23 milhões.
Participam da operação 59 integrantes do Ministério Público do Rio Grande do Norte e 12 Auditores-Fiscais, com apoio da Polícia Militar. A Receita não detalhou em quais cidades os mandados são cumpridos, nem os nomes dos alvos.
Operação Plata
No ano passado, sete pessoas foram presas e 43 mandados de busca cumpridos. Todas foram condenadas pela Justiça em setembro deste ano, com penas que variam de 12 anos e oito meses de prisão a mais 84 anos. À época, a Bahia esteve entre os estados onde a operação Plata foi realizada, com apreensões realizadas nas cidades de Serra do Ramalho e Urandi.
A organização era liderada por Valdeci Alves dos Santos, também conhecido como Colorido, apontado pelos investigadores como o segundo maior chefe de uma facção criminosa que surgiu nos presídios paulistas.
O esquema de lavagem de dinheiro já dura mais de duas décadas, conforme o Ministério Público do Rio Grande do Norte. Para os investigadores, o lucro era "lavado" - tornado com aparência de legal - com a compra de imóveis, fazendas, automóveis, abertura de mercados e até uso de igrejas.