Refinaria Abreu e Lima retorna com investimento de até R$ 8 bilhões
Após escândalos da Lava Jato, Petrobras investirá em ampliação da Rnest e Comperj, desafiando críticas e apostando em independência energética
Foto: Agência Petrobras
A Petrobras anunciou a retomada das obras na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, que custará entre R$ 6 bilhões e R$ 8 bilhões, de acordo com o presidente da estatal, Jean Paul Prates. A refinaria, marcada por polêmicas e investigações da Operação Lava Jato, é agora vista como exemplo de "superação" e "volta por cima". As informações são do O GLOBO.
Jean Paul Prates destacou que, mesmo considerando as piores estimativas, o custo de R$ 100 bilhões para a construção da Rnest será coberto no primeiro ano de faturamento do empreendimento. A refinaria, originalmente projetada em parceria com a estatal venezuelana PDVSA, enfrentou obstáculos, gerou controvérsias e ultrapassou o orçamento inicial de US$ 2 bilhões para mais de US$ 20 bilhões em investimentos, tornando-se um dos símbolos da corrupção investigada pela Lava Jato.
Em seu discurso durante a visita à refinaria, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um desabafo sobre a Lava Jato, ressaltando que a História ainda levará tempo para revelar a verdade sobre os eventos. Lula reconheceu "erros e acertos" na construção da refinaria e expressou alívio por o Brasil ter concluído o projeto sem a participação da Venezuela.
A visita de Lula à Rnest marcou simbolicamente a retomada dos investimentos bilionários da Petrobras em projetos controversos, incluindo a ampliação do polêmico Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A estatal planeja investir US$ 17 bilhões em projetos de refino entre 2024 e 2028, visando à independência energética e redução da dependência de importações.
A estratégia da Petrobras inclui não apenas a Rnest, mas também o Comperj, que, assim como a refinaria pernambucana, foi alvo de corrupção e teve suas obras suspensas. O novo plano para o Comperj prevê uma integração com a refinaria de Duque de Caxias (Reduc) e não descarta investir em uma planta de hidrogênio em Itaboraí. A estatal busca fortalecer o setor de refino e reduzir a dependência das importações, um desafio que requer enfrentar o passado controverso desses empreendimentos.
Apesar das ressalvas do mercado sobre a retomada de projetos marcados por perdas bilionárias, a Petrobras demonstra determinação em investir e revitalizar setores estratégicos, incluindo a retomada da operação da refinaria de Mataripe, na Bahia, e da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3, em Três Lagoas (MS).