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Relatório acusa polícia da Colômbia de matar 16 manifestantes com munição letal

O relatório aponta que a grande maioria das vítimas teve ferimentos em órgãos vitais, que as autoridades judiciais disseram ser compatíveis com a intenção de matar

Por Da Redação
Ás

Relatório acusa polícia da Colômbia de matar 16 manifestantes com munição letal

Foto: Reprodução / Agência Brasil

Kevin Agudelo, um vendedor de 22 anos, foi baleado por volta das 22h de 3 de maio, na cidade de Cali, epicentro dos protestos que já duram mais de um mês e deixaram mais de 60 mortos na Colômbia. Ele participava de uma vigília quando foi atingido por um policial que atirou a curta distância, de acordo com testemunhas ouvidas pela organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW). De acordo com um relatório publicado nesta quarta-feira (9), pela ONG, ele é uma das 16 vítimas de disparos de armas letais pela polícia colombiana durante protestos que começaram em 28 de abril. 

Em imagens que circularam na internet, Agudelo é visto deitado ao lado do outro manifestante, com feridas no peito e nos braços. O relatório aponta que a grande maioria das vítimas teve ferimentos em órgãos vitais, como o tórax e a cabeça, que as autoridades judiciais disseram ser compatíveis com a intenção de matar.

A pesquisa revela ainda que além dos 16, pelo menos uma outra pessoa morreu em decorrência de espancamentos e três devido ao uso inadequado ou excessivo de gás lacrimogêneo ou de projéteis de efeito moral, num total de pelo menos 20 mortos por policiais. 

Segundo José Miguel Vivanco, diretor da divisão Américas da HRW, as violações de direitos humanos cometidas pela polícia na Colômbia “não são incidentes isolados cometidos por policiais indisciplinados, mas sim o resultado de falhas estruturais”.

“Infelizmente, observamos o uso inadequado de armas menos letais em outros países da região, como Chile e Peru.

Na Colômbia, no entanto, o que mais chama a atenção é o uso de arma letal nos protestos A polícia vê o manifestante como um inimigo, e não como alguém que está exercendo seu direito ao protesto”, afirma ao GLOBO César Muñoz, pesquisador da HRW.

O presidente Iván Duque anunciou, pressionado interna e externamente, no domingo, que vai “modernizar” a Polícia Nacional. A HRW avalia que, mas as reformas são, em sua maioria, superficiais. 

A Human Rights Watch recebeu 68 relatos de mortes ocorridas desde o início dos protestos e confirmou a metade: destas, 31 vítimas eram manifestantes ou transeuntes, a grande maioria, mas também houve mortes de dois policiais e um investigador do Ministério Público. A ONG também confirmou vídeos que mostram pessoas armadas vestidas de civis, que atacaram alguns manifestantes, matando pelo menos cinco, com conivência da força policial.
 

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