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Relatório da Abin foi suprimido por ordem do ministro-chefe do GSI, revelam documentos

General Gonçalves Dias ordenou a exclusão de alertas sobre ameaças de ataques de relatório enviado ao Congresso Nacional

Por Da Redação
Ás

Relatório da Abin foi suprimido por ordem do ministro-chefe do GSI, revelam documentos

Foto: Agência Brasil

Novos documentos revelam que o general Gonçalves Dias, então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Lula, deu a ordem para a direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) suprimir alertas de ataques de um relatório enviado ao Congresso Nacional. Esses alertas, enviados à agência de inteligência, foram direcionados especificamente ao general Dias, porém, foram excluídos do primeiro documento entregue ao Congresso. 

A Comissão de Atividades de Controle de Inteligência (CCAI) solicitou ao GSI um relatório com informações de inteligência emitidas pela Abin entre os dias 2 e 8 de janeiro. O documento enviado à comissão no dia 20 de janeiro continha mensagens do WhatsApp enviadas a diferentes órgãos, mas não incluía os alertas que haviam sido encaminhados diretamente ao general Dias.

A diferença entre as versões dos relatórios foi revelada pelo jornal O Globo e confirmada pela Folha de S.Paulo. Onze alertas enviados a Dias foram suprimidos do primeiro documento entregue ao Congresso. Somente no mês passado é que esses alertas chegaram ao conhecimento dos parlamentares, por meio de um novo relatório da Abin.

A responsabilidade pela decisão de incluir apenas as informações distribuídas em grupos, excluindo os alertas direcionados a Dias, recaiu sobre o general. Segundo a lei que estabeleceu o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), cabe ao chefe do GSI fornecer documentos sobre as atividades de inteligência da Abin às autoridades. 

O general Dias pediu demissão em abril após a divulgação de imagens que colocaram em dúvida a atuação do órgão durante o ataque ocorrido em 8 de janeiro. Vídeos mostraram a colaboração de agentes com os invasores e a presença de Gonçalves Dias no local.

Durante a gestão do delegado Alexandre Ramagem no GSI, o uso do WhatsApp para a troca de informações de inteligência se tornou comum. Na época dos ataques, a Abin estava subordinada ao ministro do GSI Augusto Heleno.

O segundo relatório da Abin, contendo os alertas que haviam sido excluídos no primeiro, foi entregue à CCAI pela direção atual da agência depois que a Procuradoria-Geral da República solicitou as informações. Esse segundo relatório foi enviado quando Dias já tinha sido exonerado e a Abin estava sob a supervisão da Casa Civil, e não do GSI.

A omissão dos alertas no primeiro documento entregue aos senadores também escondeu o fato de que parte desses alertas foi enviada ao grupo de WhatsApp criado pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal

.Os documentos revelam uma série de acontecimentos que levantam questionamentos sobre a atuação da Abin e do GSI durante os ataques de janeiro, assim como a interferência na divulgação de informações ao Congresso Nacional. As revelações despertaram a atenção dos parlamentares, que agora analisam os relatórios da Abin e a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes de encaminhar cópias à Procuradoria-Geral da República.

Agora, a investigação busca esclarecer as circunstâncias que envolveram a supressão dos alertas e a responsabilidade dos envolvidos, especialmente o general Gonçalves Dias, em relação à omissão de informações relevantes no relatório entregue ao Congresso Nacional.

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