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Renan Calheiros critica ações do governo e prega CPI isenta

Senador é o relator da CPI da Covid

Por Da Redação
Ás

Renan Calheiros critica ações do governo e prega CPI isenta

Foto: Agência Senado

O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), criticou nesta terça-feira (27), durante sessão no Senado, ações do governo federal como, por exemplo,  a designação de militares à frente do Ministério da Saúde em meio à pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Na ocasião, ele também pregou isenção e imparcialidade à frente do trabalho no colegiado e negou que a CPI será uma "inquisição". No entanto, falou que eventuais culpados devem "ser punidos imediatamente e emblematicamente".

"Não foi por acaso o flagelo divino que nos trouxe a esse quadro [na pandemia]. Há responsáveis, evidentemente; há culpados por ação, omissão, desídia ou incompetência; e eles, em se comprovando, serão responsabilizados. Essa será a resposta para nos conectarmos com o planeta. Os crimes contra a humanidade não prescrevem jamais e são transnacionais. Milosevic e Augusto Pinochet são exemplos da história. Façamos a nossa parte", disse.

"Podemos preservar vidas e temos a obrigação de fazer justiça, de apontar, com responsabilidade, equilíbrio e provas, os culpados por esta hecatombe. Quem fez e faz o certo não pode ser equiparado a quem errou. O erro não é atenuante; é a própria tradução da morte. O país tem direito de saber quem contribuiu para milhares de mortes, e eles devem ser punidos imediatamente e emblematicamente",completou.

Além disso, Renan criticou o fato de um militar ter comandado o Ministério da Saúde no enfrentamento à pandemia, no caso, o general Eduardo Pazuello, e disse que o resultado fala por si só. "O que teria acontecido se tivéssemos enviado um infectologista para comandar nossas tropas [na Segunda Guerra Mundial]? Provavelmente um morticínio, porque guerras se enfrentam com especialistas, sejam elas guerras bélicas ou guerras sanitárias. A diretriz é clara: militar nos quartéis e médicos na saúde. Quando se inverte, a morte é certa, e foi isso que lamentavelmente parece ter acontecido. Temos que explicar como, por que isso ocorreu".

O senador ressaltou que a CPI investigará fatos e responsáveis por eles, não nomes ou instituições, e citou que não é o Exército brasileiro que estará sob análise. Ainda na ocasião, Renan fez outras críticas indiretas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ele citou ter "repugnância ao fascismo" ao dizer que intimidações "sob qualquer modalidade e arreganhos não nos deterão". E, segundo o senador, a CPI será "santuário" da ciência. "O negacionismo em relação à pandemia ainda terá de ser investigado e provado, mas o negacionismo em relação à CPI da Covid já não resta a menor dúvida", disse.

Lava Jato

Renan Calheiros ainda aproveitou a oportunidade nesta terça (27), para alfinetar a Operação Lava Jato, que também investigou o político, e exaltar o Supremo Tribunal Federal (STF), que declarou o ex-juiz Sergio Moro parcial ao condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do tríplex no Guarujá. Há a possibilidade de Renan se aliar a Lula para as eleições de 2022.

"Não somos discípulos nem de Deltan Dallagnol, nem de Sergio Moro; não arquitetamos teses sem provas ou PowerPoints contra quem quer que seja. Não desenharemos o alvo para depois disparar a flecha. Não reeditaremos a República do Galeão. Agindo com imparcialidade, a partir de decisões coletivas, sem comichões monocráticos, ninguém arguirá nenhum tipo de suspeição no futuro desse trabalho", disse. "Faço ainda uma referência especial ao Supremo Tribunal Federal, que não tem faltado à nação brasileira na defesa altiva da nossa Constituição terrivelmente democrática", concluiu. 
 

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