Retirada de água no Brasil atinge 4,1 trilhões de metros cúbicos em 2020, revela pesquisa do IBGE
Setor de eletricidade e gás lidera a retirada, enquanto a agricultura consome a maior parte
Foto: Caio Coronel/Itaipu
De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), na terceira edição da pesquisa Contas Econômicas Ambientais da Água: Brasil - 2018 a 2020, aproximadamente 4,1 trilhões de metros cúbicos de água foram retirados do meio ambiente no Brasil em 2020. Isso equivale a 4,1 milhões de hectômetros cúbicos (hm³), sendo que cada hectômetro cúbico corresponde a 1 milhão de metros cúbicos.
A atividade econômica de eletricidade e gás foi a responsável pela maior contribuição no volume total de retirada de água. Esse fato se deve à grande quantidade de água utilizada nas hidrelétricas e à participação majoritária da hidroenergia na geração elétrica do país. Em 2020, a hidroenergia representou 85,1% do volume total retirado. É importante ressaltar que, embora a maior parte da água captada por essa atividade seja utilizada e posteriormente retornada ao meio ambiente, isso é considerado uso não consuntivo.
A retirada total de água inclui tanto a utilização própria como a captação para fins de distribuição. Na atividade de esgoto e atividades relacionadas, a retirada representou 0,9% do total em 2020. Esse volume equivale à coleta de água da chuva escoada pelas redes pluviais, que foi registrada com volume igual tanto na retirada quanto no retorno ao meio ambiente. A pesquisa também mostrou que as famílias foram as que mais utilizaram água de distribuição (59,4%) e serviços de esgoto (59,8%). O consumo per capita de água pelas famílias foi de 117,5 litros diários.
No que diz respeito às retiradas de águas superficiais e subterrâneas pelas atividades econômicas para uso consuntivo, o total captado atingiu 71,2 mil hm³ em 2020. Nesse caso, a atividade com a maior participação na retirada foi a agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, representando 58,2% do total.
A pesquisa também revelou que a água da chuva foi a principal forma de adição ao estoque total de água do Brasil em 2020, correspondendo a 56,2% do total. Em contrapartida, a redução do estoque de água no mesmo ano foi de 25,9 hm³, sendo que a maior parte da saída de água (46,8%) foi para o mar, outros países ou outros recursos do território.
A Região Norte do Brasil teve a maior participação na entrada de água para o estoque total do país, contribuindo com 87,1%. Porém, essa região apresentou a menor taxa de retirada de água. Em termos de uso per capita, o Sudeste registrou o maior consumo (144,3 litros), enquanto o Norte teve o menor consumo (78,7 litros).
A pesquisa destacou ainda que o consumo de água em relação ao valor adicionado bruto (VAB) da atividade econômica água e esgoto foi de 6,2 litros por real gerado. O valor da produção de água de distribuição e serviços de esgoto atingiu R$ 74,5 bilhões, com a água de distribuição representando 65,7% desse total. O custo médio da água utilizada na agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura foi de R$ 0,11/m³, considerando os perímetros públicos de irrigação (PPI).