Romeu Zema esclarece declaração sobre “União entre estados” após críticas de governadores nordestinos

Uma série de pronunciamentos nas redes sociais protagonizados por governadores de estados do Nordeste neste domingo (6), buscou reforçar a necessidade de unidade e repelir discursos divisivos que vêm ganhando destaque recentemente. Essas manifestações são em resposta às declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), sobre um suposto favorecimento de estados do Norte e do Nordeste em questões econômicas em discussão no Congresso Nacional, incluindo a reforma tributária.

João Azevêdo (PSB), governador da Paraíba e presidente do Consórcio do Nordeste, divulgou uma nota em nome do órgão, na qual expressou preocupação com a visão de Zema. Azevêdo apontou que Zema demonstra uma interpretação equivocada da realidade do Brasil.  

O representante do Consórcio do Nordeste também ressaltou que a busca por unidade regional não se trata de uma disputa contra outras partes do país, mas sim uma forma de equilibrar históricas desigualdades de oportunidades de desenvolvimento.

Governadores dos estados nordestinos, como Paulo Dantas (Alagoas), Jerônimo Rodrigues (Bahia), Elmano de Freitas (Ceará), Carlos Brandão (Maranhão), Rafael Fonteles (Piauí), Raquel Lyra (Pernambuco), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte) e Fábio Mitidieri (Sergipe), também fizeram declarações individuais. Raquel Lyra (PSDB), de Pernambuco, enfatizou o papel construtivo do Nordeste e a necessidade de sua atenção nas discussões federativas. Jerônimo Rodrigues (PT), da Bahia, ressaltou a unidade do povo brasileiro e a importância de evitar narrativas segregadoras. Fábio Mitidieri (PSD), de Sergipe, enfatizou que a busca por união é crucial e que manifestações separatistas são prejudiciais ao país.

A polêmica teve início a partir de uma entrevista de Zema ao jornal O Estado de S. Paulo, na qual ele mencionou um suposto favorecimento de estados do Norte e do Nordeste em questões econômicas em tramitação no Congresso Nacional, como a reforma tributária. Ele defendeu a união do consórcio formado pelos estados do Sul e Sudeste como uma maneira de proteger as regiões de eventuais perdas financeiras.

"Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população, se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso", explicou Zema.

O governador também expressou insatisfação em relação a um fundo criado para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, questionando a equidade na distribuição dos recursos: "E o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade…Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década."

As reações às declarações de Zema não se limitaram ao Nordeste. Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, defendeu Zema, ressaltando união de estados do Norte e Nordeste em interesses comuns. Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás, sugeriu mal entendido e esclarecimento futuro por parte de Zema.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, também entrou na discussão ao salientar a relevância das regiões Norte e Nordeste para todo o Brasil, especialmente em relação à Amazônia e produção de chuvas que beneficiam outras partes do país.

Após sua declaração gerar repercussão negativa e levantar debates sobre a coesão nacional, Zema recorreu às redes sociais no domingo à noite (6) para esclarecer sua posição e reafirmar que a proposta de união entre as regiões Sul e Sudeste não tem a intenção de diminuir outras partes do país.

Em sua mensagem, Zema destacou: "A união do Sul e Sudeste jamais será pra diminuir outras regiões. Não é ser contra ninguém, e sim a favor de somar esforços. Diálogo e gestão são fundamentais pro país ter mais oportunidades." O governador prosseguiu enfatizando que distorcer os fatos pode levar a divisões, mas a verdadeira força do Brasil reside na cooperação e trabalho conjunto: "A distorção dos fatos provoca divisão, mas a força do Brasil tá no trabalho em união."