Michel Telles

Saiba como proteger os animais em condomínios durante as festas de fim de ano!

Aos detalhes...

Por Michel Telles
Ás

Saiba como proteger os animais em condomínios durante as festas de fim de ano!

Foto: Divulgação

Fim de ano é sinônimo de celebrações para os humanos, mas para os animais de estimação pode ser um período de medo, estresse e sofrimento. Dados recentes mostram que 13% dos apartamentos brasileiros abrigam pets, segundo a uCondo, sistema e aplicativo especializado em gestão de condomínios. Sejam cães, gatos e até animais exóticos, como répteis e anfíbios, a convivência com bichinhos já é parte da vida em condomínios. No entanto, quando festas e férias chegam, os desafios aumentam: fogos de artifício, abandono temporário e negligência colocam em risco o bem-estar dos animais e geram atritos entre vizinhos.                                                    Para a advogada Marianna Moraes, especialista em direito condominial e animal, o tema precisa ser tratado com urgência. “Estamos falando de um problema que afeta não só os animais, mas toda a dinâmica social dos condomínios. Ignorar essas questões pode levar a conflitos e, em casos mais graves, configurar crimes de maus-tratos”, afirma.

Marianna começou sua trajetória como protetora de animais em 2012, quando resgatou um cão das ruas do Rio de Janeiro. Desde então, dedica sua carreira e seus estudos à causa animal, o que a levou a ser aceita no Programa de Doutorado (PhD) em Antropologia na Universidade da Califórnia, com uma bolsa integral, onde pesquisa o comportamento canino. “A convivência com animais nos lares brasileiros é um reflexo da nossa evolução como sociedade. Hoje, a família brasileira é multiespécie, e precisamos garantir que todos – humanos e animais – sejam respeitados.”

Principais problemas e soluções:

1. Fogos de artifício:
“O barulho é aterrorizante para muitos animais, levando a fugas, acidentes e até mortes por ataque cardíaco. Uma solução prática é proibir fogos com estampido dentro do condomínio e estimular o uso de alternativas silenciosas.”

2. Abandono temporário durante viagens:
“Muitos tutores deixam seus pets sozinhos por dias, sem comida ou água suficientes. Isso é negligência e pode ser considerado crime. Síndicos e administradores podem conscientizar sobre alternativas como pet sitters ou hospedagens especializadas.”

3. Exposição ao calor extremo:
“Deixar animais confinados em varandas ou lajes sob o sol pode levar à desidratação e até à morte. É fundamental que os condomínios fiscalizem essas situações e, em casos extremos, acionem as autoridades.”

4. Proibição de animais em imóveis alugados:
“A questão legal é delicada. Embora o proprietário possa estabelecer regras, proibir pets indiscriminadamente pode ser considerado abuso de direito. É necessário um equilíbrio que respeite tanto os tutores quanto os demais condôminos.”

Como os condomínios podem atuar:

A advogada Marianna destaca que as convenções condominiais são ferramentas poderosas para criar um ambiente harmônico. “Regras claras sobre barulho, circulação de animais e limpeza são fundamentais. Além disso, campanhas educativas e até a criação de espaços pet-friendly podem transformar a convivência e reduzir conflitos.”

Ela também defende a importância de uma postura ativa por parte dos síndicos e administradores. “Promover conversas abertas entre moradores, com base no respeito e na empatia, pode evitar disputas judiciais e fortalecer o senso de comunidade.”

Por que esse tema merece atenção agora?

Neste mês, teve início a campanha "Dezembro Verde", uma ação de conscientização dedicada a combater o abandono e os maus-tratos de animais, problemas que se agravam nesta época do ano. A iniciativa busca enfrentar o abandono de animais, promover a adoção responsável, incentivar a denúncia de maus-tratos e destacar a importância da guarda responsável.

Além do impacto direto nos animais, a convivência com pets também é fonte de conflitos em condomínios, representando uma parcela significativa das reclamações. Em 2023, a uCondo registrou mais de mil ocorrências, envolvendo questões como barulho e sujeira em áreas comuns.

“Não se trata apenas de melhorar a convivência. Animais são seres sencientes, com direitos assegurados por lei. Discutir esse tema é uma oportunidade de estimular reflexões sobre ética, bem-estar e convivência, gerando impactos positivos para milhões de brasileiros”, afirma a advogada Marianna Moraes.

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