Salles questiona ex-ministro sobre golpe militar na CPI do MST
Depoimento do general Gonçalves Dias gera tensão e confrontos entre os parlamentares
Foto: José Cruz/Agência Brasil
O relator da CPI do MST, deputado Ricardo Salles (PL-SP), protagonizou momentos tensos durante o depoimento do ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Gonçalves Dias, na comissão. Salles pressionou o general por mais de 10 minutos, buscando obter a posição dele sobre o golpe militar de 1964, mas o ex-ministro se recusou a responder inicialmente.
O deputado afirmou que queria "situar ideologicamente" a posição do ex-ministro e alegou que os militares estavam assistindo ao depoimento. No entanto, Gonçalves Dias afirmou que a pergunta não era objeto da comissão e enfatizou os valores da Força, baseados na hierarquia, disciplina e ética, em prol de um país justo e equitativo.
Os embates entre Salles e outros parlamentares governistas geraram um clima acalorado na CPI. A deputada Sâmia Bomfim criticou o presidente da comissão, tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS), pela postura diferenciada em relação a Salles e os "golpistas".
No depoimento, Gonçalves Dias negou ter recebido relatórios da Abin sobre invasões de terra e enfatizou as reestruturações internas da instituição. Questionado por Salles se comunicou o presidente Lula sobre planos para novas invasões, o ex-ministro negou ter tido conhecimento e ressaltou que, se tivesse, teria informado ao presidente.
A tensão e os confrontos marcaram o depoimento, e Salles acusou o ex-ministro de mentir ou ter sido incompetente durante a administração. O general também afirmou ter tomado conhecimento de invasões do MST pela imprensa, como no caso de Suzano (BA) em fevereiro.