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Salvador, 473 anos: culinária baiana de força identitária e cultural, regada a muito dendê e amor

Conheça Dona Suzana, a cozinheira que atrai turistas de diversos países para Salvador, no Solar da Unhão

Por Da Redação
Às

Salvador, 473 anos: culinária baiana de força identitária e cultural, regada a muito dendê e amor

Foto: Arquivo Pessoal

A culinária baiana é carregada por muita força identitária e cultural, regada a muito dendê e amor. Restaurantes famosos atraem turistas que desejam saborear as delícias da cidade, mas é a comida e simplicidade de Dona Suzana que tem projetado uma boa imagem de Salvador para o mundo todo.

Estrela do documentário Street Food, da Netflix, Dona Suzana tem encantado pessoas de outras regiões do Brasil e de países como França e Itália. Ao visitarem a capital baiana, turistas fazem questão de adentrar nas vielas da Gamboa, próximo ao Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), para conhecer a casa da baiana proprietária do RéRestaurante, que recebeu esse nome por amigos que saboreavam suas comidas e fizeram referência à leve gagueira de Dona Suzana.

Em entrevista ao Farol da Bahia, pelo especial do aniversário de Salvador, reforçou que sua culinária é uma herança de sua mãe, que passou de aprendizado para alimentar a família à uma ferramenta de trabalho. "É uma comida de amor, feita com maior carinho. Eu aprendi com minha mãe. Também fui empregada doméstica, então aprimorei com minhas patroas", conta.

A criação do RéRestaurante surgiu com a amizade com os grafiteiros Júlio Costa, Marcos Prisk e Jocivaldo Silva, conhecido como Bigod, que trabalharam marcando suas artes com grafites no Solar da Unhão. "Eu cozinhava para meu marido, mas sempre aparecia alguém perguntando se tinha comida e eu fazia aquela quentinha. Os meninos, ao chegarem e conhecerem minha comida, pediam para fazer para eles. Desse almoço foram vindo outros clientes. E foi aí que fiquei famosa, ali por 2008 e 2009. Eles que batizaram o RéRestaurante", explica.

"Me roubaram. Teve uma obra que ocorreu aqui no Solar da Unhão, do projeto 'Minha Casa, Minha Vida', em que uma empreiteira de Camaçari me pediu para cozinhar para 50 homens. Cozinhei para eles, mas me roubaram e não me pagaram. Fiquei chateada e não quis mais fazer comida. Mas outros clientes vieram e pediram, divulgaram pra outras pessoas, começou a vir gente e voltei a vender. Veio uma americano de um projeto de comida de rua, ele encomendou minha comida e levou de avião. Dessa visita, outros gringos, franceses, italianos, gente do mundo todo começou a vir. Minha fama começou antes da Netflix", relata Dona Suzana.

Depois da série da plataforma de streaming, lançada em 2021, as buscas pela cozinheira baiana cresceram nas redes sociais. Muitas pessoas chegaram a relatar vídeos antigos de Dona Suzana no YouTube e começaram a dizer que também iriam para Salvador a fim de saborear a comida da baiana.

"Cozinhar voltou a me dar felicidade. Sou muito feliz pelas amizades que faço. Estou importante no mundo todo, recebo ligações de clientes de vários países. Agora várias pessoas abriram restaurantes no Solar da Unhão, tudo na minha fama. Já ajudei minha comunidade", comemora.

Apesar do reconhecimento no exterior, a vida de Dona Suzana não tem sido fácil, sobretudo durante a pandemia de Covid-19. Ela precisou parar de cozinhar para vender por um tempo e passou por momentos difíceis. Mas revela que, apesar das vendas terem sido prejudicadas, as amizades que construiu com o afeto de sua culinária e recepção fizeram com que ela superasse as dificuldades com maior facilidade.

"Precisei comprar o motor para o barco do meu marido, que é quem pesca os peixes, os frutos do mar para fazer as moquecas, as refeições, e os amigos de São Paulo iniciaram a divulgação e criaram uma vakinha. Com ela consegui comprar o motor para o barco. Esse amor e amizade que me deixa feliz. E é isso que eu desejo para Salvador, nesse aniversário. Que tenha muita prosperidade, paz, saúde. Que essa doença vá embora para bem longe", deseja.

 

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