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Bahia

Salvador 473 anos: jovens usam redes sociais para romper estigmas do subúrbio

Para além do preconceito, comunidades agregam valor histórico-cultural à cidade

Por Ane Catarine Lima
Ás

Atualizado
Salvador 473 anos: jovens usam redes sociais para romper estigmas do subúrbio

Foto: Reprodução/Instagram/Luan Teles

Uma capital como Salvador, culturalmente rica e diversa, dificilmente seria o que é se não fosse pela singularidade dos soteropolitanos que a habitam. No dia 29 de março, a capital baiana completou 473 anos e, apesar de toda beleza e riqueza conhecida mundo afora devido ao roteiro turístico tradicional, o subúrbio da cidade esconde muitas histórias. Uma delas é a de Luan Teles, 20 anos.

Morador do bairro Lobato, ele contou ao Farol da Bahia que passou boa parte da infância brincando com os amigos na rua e vivenciando o tráfico de drogas e toda a violência que está sujeita a região. Jovem negro, Luan afirmou que “morar no subúrbio de Salvador é viver em um labirinto constante”.

“Quando você mora em uma favela, inevitavelmente você cresce vendo o tráfico do seu lado. Eu já perdi vários amigos por conta dessa ‘opção’. Porém, no meio disso tudo, também tem o lado bom de morar no meu bairro. A suburbana, inclusive, tem vários lugares lindos que a maioria das pessoas não conhecem”, afirmou Teles.

Em um país racista, os moradores de favela são categoricamente estigmatizados de acordo com categorias como crime, pobreza e raça. Partindo dessa realidade, Luan reforça a importância do Subúrbio Rodoviário de Salvador ser valorizado. “As pessoas precisam tirar da mente que aqui, na suburbana, só tem tráfico ou outras coisas ruins. O subúrbio tem várias praias bonitas, que não são valorizadas. Aqui também tem bares que estão se popularizando, por exemplo”, disse.

Visando mostrar o subúrbio além dos estigmas, Luan começou a produzir vídeos para as redes sociais. Interessado em fotografia, ele explicou que começou a produzir conteúdo justamente para “mostrar a real Salvador, mostrar o que está escondido”.

“Os moradores de favela ansiam por tudo aquilo que estamos cansados de falar, sabe? Vivenciamos aqui  o dia a dia da falta de segurança. Além disso, aqui também faltam espaços culturais para a criançada perder o foco do que se vive na sua rua. Falta muita coisa. Mas, além disso, a vida acontece aqui e eu quero mostrar isso”, explicou Teles.

“É isso que tem me motivado a criar vídeos para as redes sociais. Tem muitas coisas que as pessoas evitam enxergar ou simplesmente estão esquecidas. A mensagem que eu quero passar nos vídeos é mais a minha realidade e o meu dia a dia. Eu filmo coisas que as pessoas evitam ver e uso músicas contraditórias para passar toda vivência" completou. 

Foto: Luan Teles/Arquivo Pessoal

Veja abaixo o vídeo que Luan Teles fez em homenagem ao aniversário de Salvador: 

Banhado pela Baía de Todos-os-Santos, o subúrbio de Salvador é uma área que abriga belezas naturais e possui grande valor histórico-cultural para a cidade. São cerca de dezoito quilômetros de praias de águas calmas que margeiam os 22 bairros que compõem a região ainda pouco explorada turisticamente.

Partindo do mesmo objetivo que Luan, o empresário e influencer digital Anderson Simplício, de 32 anos, contou ao Farol da Bahia que também começou a fotografar para mostrar às pessoas a beleza do subúrbio. Atualmente, Anderson propaga as riquezas da suburbana através do Belezas do Subúrbio, um perfil no Instagram que tem mais de 400 mil seguidores.

“O subúrbio tem um povo lutador, correria, que do mesmo jeito que gosta de trabalhar, gosta de viver. O Belezas do Subúrbio tem o objetivo de reduzir o preconceito, fazer com que as pessoas conheçam a região, elevar a autoestima dos moradores, apoiar eventos culturais e compartilhar o que o subúrbio tem de melhor”, disse Simplício. 

Foto: Anderson Simplício/Reprodução/Redes Sociais

 

Veja abaixo o Instagram 'Belezas do Subúrbio':

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