Secretário de Flávio Dino admite erro ao receber "dama do tráfico" no Ministério da Justiça

O Secretário Nacional de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Elias Vaz, reconheceu que cometeu um erro ao não verificar antecipadamente os integrantes de uma comitiva que ele recebeu, incluindo Luciane Barbosa Farias, conhecida como a "dama do tráfico amazonense". Após o incidente, o Ministério modificou as regras de acesso à sua sede em Brasília.

O deputado Amom Mandel (Cidadania-AM) solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que investigue o Ministério da Justiça após uma reportagem do "O Estado de S.Paulo" revelar que Luciane, esposa de Clemilson dos Santos Farias, líder de uma facção criminosa no Amazonas, esteve na pasta em duas ocasiões com o secretário Elias Vaz. Luciane foi condenada a dez anos de prisão, mas está em liberdade durante o processo.

Luciane também foi fotografada ao lado de parlamentares governistas este ano, incluindo André Janones (Avante-MG) e Guilherme Boulos (PSOL-SP). Ambos os deputados esclareceram em suas redes sociais que não possuem qualquer vínculo com ela.

O Ministério da Justiça publicou uma portaria alterando as normas de acesso à sede da pasta. Foram adicionados três novos itens às regras. A primeira determina uma antecedência mínima de 48 horas para que todos os que participarão de reunião ou audiência sejam identificados, sendo obrigatório informar o CPF. A lista com os participantes deve ser enviada por email.

A segunda norma estabelece que o pedido de reunião ou audiência deve ser enviado por e-mail para avaliação. Já a terceira norma indica que qualquer pessoa interessada em um compromisso público nas dependências do Ministério da Justiça será atendida na recepção do Palácio da Justiça ou dos anexos, onde será identificada e orientada. É obrigatório passar por esse procedimento antes de acessar os prédios do ministério.

O ministro Flávio Dino também afirmou, ontem, que nunca recebeu ninguém associado a facções. “Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho. De modo absurdo, simplesmente inventam a minha presença em uma audiência que não se realizou em meu gabinete. Sobre a audiência, em outro local, sem o meu conhecimento ou presença, vejam a história verdadeira no Twitter do Elias Vaz. Lendo lá, verificarão que não é o que estão dizendo por conta de vil politicagem”, afirmou em rede social.