Secretário parlamentar é flagrado pela PF pegando propina em aeroporto e levando para a Câmara
O inquérito policial da Operação Pés de Barro apura pagamentos de R$ 1,2 milhão do superfaturamento de adutoras ao deputado da Paraíba
Foto: PF / Reprodução
A Polícia Federal filmou Israel Nunes de Lima, secretário parlamentar do gabinete do deputado afastado Wilson Santiago (PTB/PB), recebendo propina de R$50 mil no aeroporto de Brasília e levando o dinheiro para o Congresso. O vídeo que faz parte das investigações da Operação 'Pés de Barro', apura o pagamento de mais de R$ 1,2 milhão em propinas resultantes do superfaturamento das obras da Adutora Capivara, no sertão da Paraíba.
A entrega do dinheiro foi feita em 7 de novembro de 2019. O acerto teria ocorrido entre George e Evani Ramalho, na noite anterior no estacionamento de uma rede de supermercados.
Evani Ramalho é secretária parlamentar de Wilson Santiago. A PF aponta que ela seja responsável pela gerência operacional e contábil do esquema, além de arrecadadora e transportadora de propina.
George Ramalho é empresário da Construção, Empreendimentos e Comércio, a Coenco. Empresa responsável pela construção do sistema adutor. Ele fechou delação premiada com a PF.
O empresário pegou um avião de João Pessoa para a capital federal, portando uma mochila com R$ 50 mil em dinheiro vivo. Ao chegar em Brasília, ainda no aeroporto, ele entregou a mochila a Israel Nunes de Lima, com quem teve uma conversa rápida. Logo Israel seguiu com a propina.
Feitas as despedidas, Israel saiu do aeroporto no carro Hyundai IX35, placa PBP 2031, de propriedade da locadora de veículos que possui contrato com a Câmara dos Deputados.
O veículo seguiu até a Câmara, no anexo IV, onde se encontra o gabinete do deputado federal Wilson Santiago.
O advogado Luis Henrique Machado, representante do deputado Wilson Santiago divulgou uma nota sobre o caso.
" Trata-se de um delator que ganhou notoriedade na Paraíba por delatar terceiros para não ser preso. Em nenhum momento o delator apresentou provas de que o Deputado Wilson Santiago teria recebido dinheiro ilícito. Tampouco a Polícia Federal apresentou provas que incriminasse o deputado. A ação controlada, as intercepções telefônicas, telemáticas e ambientais não dizem nada a respeito do deputado, somente ilações e conjecturas. Em momento processual oportuno, a defesa apresentará também as suas provas reestabelecendo a verdade real dos fatos".