Segundo polícia, pai preso por suspeita de estuprar filhas já tinha abusado de filho de outro relacionamento
Para a delegada responsável pelo caso, o homem tem perfil doentio

Foto: Polícia Civil/Divulgação
De acordo com a polícia, o homem de 43 anos suspeito de torturar e abusar das filhas adolescentes em um assentamento de Selvíria, já tinha cometido os mesmos crimes contra o outro filho, fruto do primeiro relacionamento. Cinco meses após o pai ser preso, o filho procurou a polícia para fazer o relato.
O homem está preso desde o fim do ano passado, quando começaram as investigações. A mulher dele também foi presa acusada de ter sido conivente. Juntos, eles possuem quatro filhos: duas meninas, de 11 e 14 anos; e dois meninos, de 4 e 17 anos.
Em entrevista ao G1, a delegada Nelly Gomes, disse que, no caso dele e de muitos pedófilos, ser "criança é atrativo". De acordo com ela, o homem investigado tem perfil doentio, assim como outras pessoas que cometem esses tipos de crime. "Nós instauramos novo inquérito com a presença deste filho na delegacia. Ele ressaltou que, quando criança, foi abusado pelo pai e, inclusive, este foi o motivo da mãe dele ter rompido o casamento. Isso ocorreu quando ele morava em Paranaíba e ela teria percebido esse comportamento duvidoso por parte do pai e, então, o afastou do convívio da criança".
Ainda segundo a delegada, o filho pediu para voltar a morar com o pai quando entrou na adolescência. Época que, segundo ele, o pai tentou cometer os abusos novamente. "O menino disse que percebeu o mesmo comportamento por parte dele e então foi embora. Ele não teve mais notícias do pai e depois ficou sabendo da prisão dele e da atual mulher, quando veio na delegacia fazer a denúncia".
Ainda conforme a delegada, o casal tem perfil de pedófilos. "Tenho ao todo 12 anos de polícia e posso dizer que este foi o pior caso que eu peguei. Foi algo que nos fez buscar até estudos e ver estimativa que um abusador, aos 60 anos, pode chegar a abusar de até 100 crianças. É necessário barrar isso."
Antes do filho do primeiro casamento procurar a polícia, uma mulher, também do convívio familiar do homem, foi até a delegacia para relatar abusos há mais de 15 anos. Ela disse que "somente tomou coragem de retomar a denúncia com a notícia da prisão do casal". "Nós identificamos mais uma vítima, que tinha 14 anos na época do abuso. Ela era do convívio familiar e chegou a fazer a denúncia, mas a própria família não deu andamento na época. Atualmente, ela está com 32 anos e comenta ainda sobre muitas cicatrizes emocionais que possui. Aliás, ela ficou muito feliz com o desfecho e preocupada com o que os filhos estavam sofrendo. Ficou se colocando no lugar deles".
O homem vai responder pelos crimes de estupro, maus-tratos e coação no curso do processo, já que tentou convencer a esposa a mudar a versão e não incriminá-lo. Já a mãe, de 36 anos, deve responder por participação nos crimes de estupro e maus-tratos.