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Semana Santa: descubra o significado para cada religião e como diferentes países comemoram

Este período, que remonta aos séculos III ou IV, é marcado por uma série de celebrações que relembram a Paixão de Cristo

Por Celine Passos
Ás

Semana Santa: descubra o significado para cada religião e como diferentes países comemoram

Foto: Marco Ankosqui - MTUR/Redes Sociais/Pai Rodney/LR

A Semana Santa é uma tradição cristã que precede a Páscoa, abrangendo sete dias que iniciam no Domingo de Ramos e culminam no Domingo de Páscoa, celebrando os últimos momentos da vida de Jesus antes da crucificação e ressurreição. Este período, que remonta aos séculos III ou IV, é marcado por uma série de celebrações que relembram a Paixão de Cristo e seu sofrimento, sendo um dos eventos mais emblemáticos do cristianismo.

A data é determinada pela Páscoa, seguindo um critério estabelecido no século IV. O Domingo de Páscoa é sempre o primeiro domingo após a primeira lua cheia que ocorre após o equinócio de primavera no Hemisfério Norte. Assim, a Semana Santa tem início sete dias antes da Páscoa, abrangendo rituais e práticas específicas que marcam cada dia, de acordo com a liturgia cristã.

Cada dia da celebração possui um significado simbólico, conforme as ações de Jesus registradas na tradição religiosa. Desde a entrada triunfal em Jerusalém no Domingo de Ramos até a ressurreição no Domingo de Páscoa, cada momento é relembrado com reverência e observância por parte dos fiéis. 

No entanto, a Semana Santa é repleta de significados para vários segmentos religiosos. Para outros, no entanto, o período não é celebrado com tanto afinco. Por isso, o Portal Farol da Bahia conversou com representantes de várias religiões para saber o significado da época para cada uma delas.

CATÓLICOS

Este é um dos períodos mais importantes para a comunidade católica. A Sexta-feira da Paixão e o Domingo de Páscoa, que representam a morte e ressurreição de Cristo, são celebrados por todos aqueles que são adeptos à religião.

Porém, a celebração não inicia na sexta, mas quarenta dias antes da Páscoa, período conhecido como Quaresma. “A Quaresma vai da quarta-feira de cinzas, terminando no sábado anterior ao Domingo de Ramos e o objetivo dela é justamente preparar para a Páscoa. Quarenta dias de silêncio, de oração, de caridade, de jejum, da campanha da fraternidade, preparando nosso coração, preparando a nossa vida para bem viver a Semana Santa que é a maior de todas as semanas para o Cristão Católico”, explica o padre Manoel Filho.

Durante a Semana Santa, os cristãos relembram os últimos dias de Jesus Cristo antes de sua crucificação e ressurreição. No Domingo de Ramos, Jesus é recebido em Jerusalém como um rei pela população, montado em um jumento, despertando temores entre as autoridades romanas e judaicas quanto a uma possível rebelião. Segunda-Feira Santa, Jesus expulsa os comerciantes do templo, realiza milagres e anuncia o fim de sua missão. Terça-Feira Santa, profetiza aos discípulos no Monte das Oliveiras sobre o fim dos tempos. Quarta-Feira Santa, não há relatos de acontecimentos desse dia, e os pesquisadores acreditam que Jesus ficou com amigos e familiares. Quinta-Feira Santa, realiza a Última Ceia com seus discípulos, lava os pés deles e é preso após ser traído por Judas. Sexta-Feira Santa, é julgado, condenado, torturado, crucificado e morre. No Sábado de Aleluia, seu corpo é colocado no túmulo, em um dia de reflexão antes da celebração da Vigília Pascal. Finalmente, no Domingo de Páscoa, segundo a tradição cristã, Jesus ressuscita, fazendo diversas aparições, sendo a primeira delas para Maria Madalena.

EVANGÉLICOS

Para a comunidade evangélica, a Semana Santa evoca o sentido de passar de um lugar de aflição para um momento de vitória e de superação. Segundo o pastor Joel Zererino, da Igreja Batista Nazareth de Salvador. “Os cristãos entenderam isso a partir da vivência de Jesus na sua última páscoa. A tradição cristã faz com que os eventos centrais da vida de jesus, os mais importantes para a fé cristã, todo o drama relativo à sua prisão, a sua tortura, da sua consequente morte e a experiência da ressurreição sejam colocados na semana da Páscoa. Por isso esse tempo teve, e ainda precisa ter, tanta importância no calendário litúrgico”, detalha.

Já para os Evangélicos Anglicanos, doutrina protestante dentro do Cristianismo, segundo a pastora Revda Bianca Daébs “a Semana Santa tem os marcadores do tempo da quaresma, que é um tempo de reclusão, reflexão e contrição, em que fazemos um balanço da nossa vida, buscamos exercer o perdão com maior ênfase e nos comprometemos a sermos pessoas melhores”, declara.

BUDISTAS

Dentro do ensinamento budista, não existe formalmente a comemoração da Semana Santa, até porque o Buddha viveu aproximadamente cinco séculos antes de Jesus Cristo. Alguns adeptos do budismo, que também adotam princípios cristãos em suas vidas, podem fazer retiros de silêncio ou práticas semelhantes a fim de buscarem uma associação simbólica com o momento da Páscoa.

De acordo com o Vice presidente do Centro de Estudos Budistas Bodisatva,  Henrique Lemes, existem muitas pontes possíveis para diálogos importantes que podem acontecer entre o budismo e o cristianismo, e a Páscoa é um desses momentos em que isso fica muito evidente. 

“A Páscoa simboliza não só a morte e ressurreição de Cristo. Eu acho que Jesus foi condenado por, entre outras coisas, se relacionar de uma forma muito honesta com o sofrimento, lidando com as dificuldades que apareciam e ajudando as pessoas a atravessarem a experiência do sofrimento. E nesse sentido, é como se ele trouxesse uma luz. No caminho budista, isso é representado pela flor de lótus, que vai surgir no terreno lodoso, no terreno pantanoso. A  gente olha para um local que parece completamente infrutífero, o local que parece difícil, que dali não vai sair nada, e dali brota a lucidez, dali vai brotar a paixão. Então, é uma das analogias, um dos paralelos que a gente pode fazer da páscoa com o budismo”, conclui.

CANDOMBLECISTAS

As religiões de origem africana, especialmente o Candomblé, tradicionalmente não cultuam a Semana Santa. No entanto, muitos terreiros optam por pausar suas atividades durante esse período, retomando-as no Sábado de Aleluia. Nesse dia, ocorrem cerimônias espirituais que, de acordo com a tradição, reverenciam o Orixá Oxalá. 

Uma prática particular dentro desse contexto é o Lorogun, também conhecido como lórogún ou olorogum, uma cerimônia que ocorre durante a quaresma católica. A origem do Lorogun remonta à proibição imposta aos escravos de celebrarem seus rituais durante a Semana Santa, o que levou ao desenvolvimento dessa cerimônia como uma forma de adaptação e preservação de suas tradições espirituais.

“Falando especificamente daqui no Domingo após a Quarta-feira de Cinzas acontece um evento no Ilê Axé Opô Afonjá chamado olorogum. Essa cerimônia encerra as atividades dentro do Opô Afonjá. Existem algumas casas mais antigas que também fazem esse ritual, seguindo essa tradição e eu acredito que esta cerimônia foi desenvolvida, justamente por conta da perseguição policial”, diz o Obá da Casa do Ilê Axé Opô Afonjá e sobrinho de Mãe Stella de Oxóssi, Adriano Azevedo.

Ainda segundo Adriano, comer peixe - a famosa comida baiana - durante a Semana Santa também se tornou uma tradição entre o povo de santo devido ao resquícios do colonialismo. No entanto, ele ressalta: “Isso a gente não pode modificar, não posso dizer que eu vou comer carne na semana santa porque não sou católico. O povo de santo segue esta tradição”. 

Em algumas casas de candomblé, é celebrado com uma procissão de dois grupos percorrendo os quartos de Santo até o barracão, reproduzindo a viagem pelas cidades de cada Divindade em todo o período do lorogun (da quarta-feira de cinzas ao sábado de aleluia). 

COMO OS DEMAIS PAÍSES COMEMORAM

A Semana Santa é uma das celebrações religiosas mais importantes para os países predominantemente católicos, e cada país tem suas próprias tradições e costumes durante esse período. Confira: 

Filipinas:

Nas Filipinas, a Semana Santa é celebrada de forma intensa, com procissões e rituais que refletem a devoção católica do país. A cidade de Pampanga é conhecida por suas crucificações reais, onde devotos voluntários são pregados em cruzes como um ato de penitência.

Reprodução/redes sociais

Espanha:

A Espanha é famosa por suas celebrações intensas da Semana Santa, especialmente em cidades como Sevilha, Málaga e Granada. As procissões são elaboradas, com participantes vestindo túnicas e carregando imagens religiosas pelas ruas.

Reprodução/dreamstime

Portugal:

Em Portugal, a Semana Santa é marcada por procissões religiosas e eventos litúrgicos, especialmente em cidades como Braga, Guimarães e Lisboa. Há também tradições culinárias associadas, como o "folar" (pão doce) consumido durante este período.

Reprodução/iStock

Guatemala:

A Guatemala é conhecida por suas elaboradas celebrações da Semana Santa, especialmente em Antigua Guatemala, onde as procissões são espetaculares e as ruas são decoradas com tapetes coloridos feitos de serragem.

Reprodução/shutterstock

Peru:

No Peru, a Semana Santa é celebrada com procissões religiosas, especialmente em cidades como Lima, Cusco e Ayacucho. Há uma mistura de tradições católicas e indígenas durante este período.

Reprodução/EricXpeditions

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