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Salvador

Serva de Deus Vitória da Encarnação poderá ser a próxima santa nascida em Salvador

Com o fim da fase arquidiocesana da causa de beatificação da Serva de Deus Vitória da Encarnação, processo seguirá para ser analisado no Vaticano

Por Da Redação
Ás

Atualizado
 Serva de Deus Vitória da Encarnação poderá ser a próxima santa nascida em Salvador

Foto: Sara Gomes | Arquidiocese de Salvador

A Arquidiocese de São Salvador da Bahia realizará na próxima quarta-feira (25), às 10h, a Sessão Solene de encerramento da Fase Arquidiocesana da Causa de Canonização da Serva de Deus Vitória da Encarnação. A solenidade acontecerá no Convento Santa Clara do Desterro, localizado na Rua Santa Clara do Desterro, em Salvador. 

A abertura do processo foi no dia 7 de julho de 2019, a Congregação para a causa dos Santos emitiu o decreto “Nihil Obstat”, autorizando a abertura da causa de beatificação da Madre Vitória, que passou a ser chamada, a partir de então, de Serva de Deus Vitória da Encarnação.

Em 19 de novembro do mesmo ano, o então arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, presidiu a cerimônia de abertura do processo de beatificação e canonização da religiosa, apresentando as comissões que trabalhariam no processo, bem como o postulador da causa.

A Fase Arquidiocesana do processo "Serva de Deus Vitória da Encarnação" chega ao fim na próxima quarta-feira (25). A solenidade ocorre no mesmo local onde viveu e morreu a religiosa com fama de santidade. A sessão será presidida pelo Cardeal Dom Sergio da Rocha e pelo postulador da Causa, frei Jociel Gomes, além de membros da Comissão Histórica e de fiéis que acompanham os relatos de graças e milagres alcançados por intervenção da Serva de Deus. Após a sessão, o Cardeal presidirá a Missa.

Concluindo esta fase, Dom Sergio da Rocha remeterá para o Dicastério da Causa dos Santos, na Santa Sé, toda a documentação levantada a respeito da Madre Vitória da Encarnação, além dos testemunhos e dos relatos coletados e analisados pelo Tribunal que foi constituído com esta finalidade.

Este Tribunal é formado pelo postulador da Causa da Serva de Deus; pelo Delegado Episcopal, cônego Alberto Montealegre; pelo promotor de Justiça, padre laudimar Oliveira da Silva; pelo notário e pela notária adjunta, Dom Sebastião Rolim e Irmã Violeta, respectivamente. 

Início da vida religiosa

Vitória da Encarnação nasceu em Salvador, em 6 de março de 1661, sendo batizada no mesmo ano na antiga Sé da Bahia. Filha de Bartolomeu Nabo Correia e Luísa Bixarxe, ela teve um irmão e três irmãs.  Em 1677, quando foi fundado o Convento Santa Clara do Desterro, sendo o seu pai muito devoto, quis que sua filha entrasse para a vida religiosa. Porém, a menina, então com 16 anos de idade, havia se tornado avessa à religião, chegando a dizer ao seu pai que preferia que lhe cortassem à cabeça do que ser levada para o convento.

Passaram-se alguns anos e Vitória começou a ter frequentes sonhos com a Mãe de Deus e seu Divino Filho. Neles, a Virgem lhe apresentava o Menino e chamava-a para a vida consagrada. Em outros momentos via o Menino Jesus a colher flores no caminho para o convento e a chamava para lá. Tais sonhos se repetiram inúmeras vezes, porém, Vitória não quis seguir o que a Virgem e o Menino pediam.

Numa terrível noite do ano de 1686, quando Vitória estava com 25 anos de idade, teve um sonho horrendo, no qual se via nos porões sujos e cheios de lodo de uma grande embarcação que navegava em alto mar. Viu neste sonho que estava acompanhada de pessoas impiedosas, que caminhavam para a perdição, enquanto que na parte de cima da embarcação haviam muitos religiosos contentes, pois caminhavam para a salvação. Seu Anjo da Guarda então lhe explicava que os navegantes da parte superior eram os que faziam a vontade de Deus e estavam salvos, enquanto que os que estavam nos porões, assim como ela, eram os que caminhavam para a perdição.

Ao acordar deste sonho aterrador, pensou em sua vida e tomou a firme decisão de consagrar-se totalmente a Deus e passar a vida fazendo Sua santa vontade. Naquele mesmo ano, em 29 de setembro, dia de São Miguel Arcanjo, Vitória foi acolhida no noviciado das clarissas do Convento do Desterro da Bahia e, juntamente com ela, foi acolhida também a sua irmã, Maria da Conceição. Recebeu neste dia o nome religioso de Vitória da Encarnação. Conforme seu desejo, fez profissão solene em 21 de outubro de 1687. Mostrou-se grande em suas virtudes.

Testemunhos de Santidade

Dotada de dons místicos, se transfigurava quando fazia a via-sacra, todas as sextas-feiras do ano. Tinha tanto desejo de imitar ao Divino Esposo em seus sofrimentos, que castigava-se com cilícios e disciplinas duríssimas, chegando a converter os pecadores que passavam pela via próxima ao convento e que ouviam o barulho daquelas chibatadas. Fazia rigorosos jejuns e quando comia algo que lhe agradava o paladar, misturava cinzas à comida para estragar o sabor.

Entre as virtudes apontadas, em relatos, sobre a Madre Vitória da Encarnação, algumas se destacam. Uma delas era o dom que ela tinha de sonhar com as pessoas necessitadas e, em seguida, enviar ajuda. A Madre também era procurada quando as Irmãs do convento – enclausuradas – recorriam para encontrar objetos perdidos.

Amou tanto as almas do purgatório que sufragava-as diariamente com orações. Tinha o dom da revelação e profecia. Era capaz de saber o local exato em que uma pessoa, tida por desaparecida, se encontrava, assim como de prever acontecimentos futuros. Tinha também a capacidade de encontrar objetos e animais desaparecidos. Passava a maior parte da noite em vigília diante do Santíssimo Sacramento e foi chamada, pelo seu biógrafo, o arcebispo da Bahia, Dom Sebastião Monteiro da Vide, de “tocha acesa diante do sacrário”.

Morte

Madre Vitória faleceu numa sexta-feira, às 15 horas, em 19 de julho de 1715. No momento de sua morte as religiosas disseram ter sentido uma maravilhosa fragrância de rosas a inundar as dependências do mosteiro. Ao se espalhar a notícia de sua morte, uma grande multidão se aglomerou diante do convento. Logo toda a cidade ficou a saber, pois diziam ter morrido a “santa da Bahia”. Muitos levavam lenços, medalhas, terços e outros objetos e pediam que as religiosas os tocassem no corpo da “santa”. Esses objetos eram guardados por essas pessoas e eram tidos como verdadeiras relíquias. Inúmeros foram os milagres narrados pelos devotos logo após a sua morte. Sendo crescente o número desses supostos milagres, o então arcebispo da Bahia tratou de interrogar as religiosas do Desterro sobre a vida que teve a Madre Vitória. Em 1720, apenas cinco anos após a sua morte, Dom Sebastião Monteiro da Vide publicou, em Roma, a biografia da “santa da Bahia” com o título “História da Vida e Morte da Madre Sóror Victória da Encarnação”.

Os restos mortais da Madre Vitória da Encarnação encontram-se na Igreja do Convento Santa Clara do Desterro, em Salvador, e estão depositados acima de uma das portas que ligam o coro de baixo à nave do templo.

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