Setores da indústria ficam descontentes com adiamento de novo corte do IPI
Presidente Bolsonaro decidiu manter o corte de 25% por mais 30 dias
Foto: Wenderson Araújo/Trilux
A decisão do presidente Jair Bolsonaro (PL) de manter por mais 30 dias o corte de 25% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) deixou setores da indústria insatisfeitos nesta sexta-feira (01). A categoria já contava com o corte 33% na alíquota.
Após garantia do ministro da Economia, Paulo Guedes, a categoria esperava que o acréscimo fosse anunciado nesta sexta. As informações são do Estadão.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, apontou a possibilidade de uma paralisação no mercado, considerando que o consumidor pode deixar de comprar. Segundo ele, no entanto, não se sabe ainda se o novo corte terá reflexo no preço final dos produtos.
“Historicamente defendemos a extinção do IPI, que poderia vir na reforma tributária, mas enquanto isso não acontece a redução paulatina é um caminho”, afirmou Moraes. Segundo o presidente da Anfavea, a expectativa é de que o acréscimo seja anunciado em breve.
Já o presidente executivo da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos (Eletros), Jorge Nascimento, afirmou que não entendeu o motivo do adiamento e que aconteceu uma “frustração de expectativa” no setor. A entidade representa empresas de diversos estados brasileiros, além da Zona Franca de Manaus.
O presidente da Eletros afirmou que já era acordado entre Bolsonaro e o governador do Amazonas, Wilson Lima, que o decreto incluiria que produtos fabricados na Zona Franca ficariam de fora da medida. “Não somos contra a redução do IPI, mas precisamos da excepcionalidade para que os produtos importados não cheguem mais baratos do que os feitos na ZF", disse.
Zona Franca
O presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, afirmou frustação por não constar a excepcionalidade dos produtos da Zona Franca no decreto publicado. “Agora temos 30 dias para trabalhar forte para que a redação contemple a excepcionalidade", disse.
A superintendente da Associação das empresas de componentes para calçados (Assintecal), Silvana Dilly, por sua vez, afirmou que a cadeia produtiva do calçado possui uma incidência importante de IPI, que agrega mais custos à produção, o que encarece os produtos. “O recuo deixa o setor apreensivo, mas acreditamos que, após ajustes, seja confirmado”, explicou.