Simpósio discute importância dos ventiladores no tratamento de casos graves de coronavírus
Especialista diz que instrumentos não são mais a primeira opção
Foto: Reprodução/Agência Brasil
Para reduzir a mortalidade pelo coronavírus, uma estratégia tem feito a diferença em UTIs. A velha e boa prática médica de qualidade, com recursos conhecidos, tem feito a diferença, afirmou ontem (9) o pneumologista Carlos Alberto Barros Franco, um dos primeiros médicos do país a tratar a pandemia.
"Dos primeiros casos no Brasil para cá, as coisas mudaram no que diz respeito ao procedimento com os pacientes graves. O tratamento mudou radicalmente e a sobrevivência aumentou. Ventiladores não são mais a primeira opção" disse Barros Franco, durante o simpósio “Covid-19 — Que doença é essa?”, organizado pela ANM (Academia Nacional de Medicina).
O evento, transmitido por plataformas digitais, reuniu alguns dos maiores especialistas do Brasil para avaliar o que se aprendeu e os desafios no combate à pandemia de coronavírus no país. O coordenador do simpósio, o hematologista e oncologista Daniel Tabak, destacou que a queda da mortalidade nas UTIs está relacionada ao melhor cuidado.
"O melhor tratamento não é um remédio. É a boa prática médica. Ventilação em prona, autoprona, oxigênio a baixo fluxo, fisioterapia, tudo isso tem sido usado. Hoje, a ventilação mecânica invasiva é o último recurso para tratar um paciente de Covid-19. Isso é uma mudança radical", observou Barros Franco.
Os respiradores, vistos como essenciais no início da pandemia, perderam o protagonismo à medida que médicos aprendem mais sobre a doença. Ventilação precoce não é mais uma indicação médica na maioria dos casos, de acordo com o pneumologista, que destaca que ainda há muito o que descobrir para melhorar o tratamento.