Sipri: Potências nucleares modernizam arsenais, e gastos militares continuam a crescer
Segundo a organização, as crises no controle armamentista se tornaram crônicas e as perspectivas para controlá-las são “sombrias”

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O relatório anual do Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês), divulgado nesta segunda-feira (15), aponta que todos os países que possuem armas nucleares continuaram a modernizá-las em 2019. Segundo a organização, as crises no controle armamentista se tornaram crônicas e as perspectivas para controlá-las são “sombrias”.
Além disso, o gasto militar no planeta aumentou pelo quinto ano consecutivo em 2019, chegando a US$ 1,9 trilhão (R$ 9,8 trilhões), ou 2,2% do Produto Interno Bruto global — algo em torno de US$ 249 (R$ 1.285) para cada pessoa do planeta. Em comparação com o ano anterior, o aumento foi de 3,6%, o maior da década. Os Estados Unidos destinaram US$ 732 bilhões para esta finalidade, 2,7 vezes mais que a China, segunda colocada no ranking.
O relatório indica que em 2019, EUA, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, Israel e a Coreia do Norte — os noves países com arsenal atômico — tinham 13.400 armas nucleares, 465 a menos que em 2019. Mais que um avanço, no entanto, a redução é fruto da aposentadoria de armas antigas por Moscou e Washington, que juntos concentram mais de 90% das armas nucleares do planeta.
Segundo o Sipri, ainda em 2019, o Tratado sobre Forças Nucleares de Médio Alcance (INF, na sigla em inglês), entrou em colapso, algo que pode sugerir que a era de controle armamentista bilateral entre americanos e russo pode ter chegado ao fim. Assinado entre os EUA e a antiga União Soviética em 1988, o tratado proibia as duas superpotências de instalarem mísseis balísticos, de cruzeiro em bases em terra e de usarem lançadores móveis terrestres de mísseis com entre 500 e 5,5 mil km de alcance.
Nas Américas, a Sipri aponta que a fragmentação de grupos paramilitares na Colômbia pode enfraquecer o acordo de paz em 2016, enquanto o México vê um agravamento de sua batalha contra o narcotráfico, registrando no ano passado o maior número de homicídios em uma década.
O relatório afirma que o continente continua a ser o mais violento do planeta em números de homicídios, em especial devido à extensão do crime organizado. O Sipri também ressalta os protestos registrados em países da região em 2019, resultado da pressão econômica, da alta desigualdade, da corrupção e do descontentamento com o funcionamento das instituições democráticas, entre outros aspectos.