Sistema Financeiro do BC diz estar preparado para enfrentar 'choques econômicos'
A rentabilidade dos bancos já está no nível pré-pandemia, aponta estudo inédito

Foto: Reprodução/Agência Brasil
O Sistema Financeiro Nacional (SFN) está preparado para enfrentar os choques na economia sem apresentar riscos para a estabilidade financeira do país, de acordo com o Banco Central, em seu Relatório de Estabilidade Financeira, referente ao primeiro semestre deste ano. O documento foi divulgado nesta segunda-feira (18).
“No primeiro semestre de 2021, o SFN manteve as provisões elevadas, as perdas esperadas com crédito se reduziram, a capitalização do sistema bancário melhorou, e a liquidez manteve-se confortável. Esse desempenho está em linha com a evolução positiva da economia doméstica, em um período de recuperação parcial da confiança dos agentes econômicos e de avanço da campanha de vacinação”, informou o BC.
A rentabilidade dos bancos já estão no nível pré-pandemia. O SFN registrou lucro de R$ 62 bilhões no primeiro semestre. O número é 53% acima do registrado em 2020 e 3% maior que 2019.
No entanto, ainda assim há um alerta para a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia, por causa do risco de disseminação da nova variante, além das implicações no fornecimento de energia por causa da crise hídrica que atualmente o país vive.
Crédito
O relatório também pontua que a recuperação econômica permitiu que empresas que capital aberto tivessem uma melhora na situação econômica-financeira. As empresas de menor porte impulsionaram o crédito bancário, com crescimento anual de cerca de 35%.
“O crescimento [do crédito bancário às micro, pequenas e médias empresas] foi expressivo, mesmo com o fim dos programas emergenciais. Espera-se nova expansão a partir do segundo semestre de 2021, com a retomada dos programas de incentivo”, diz o relatório.
De acordo com o Banco Central, as contratações do financiamento imobiliário seguem estimuladas pelas taxas de juros baixas, mas a participação dessa modalidade de crédito no Produto Interno Bruto (PIB) continua em baixa.
Ainda conforme o relatório, apesar da crise ocorrida em 2020, o endividamento e o comprometimento de renda apresentam leve estabilidade. Há riscos, porém, no desempenho de algumas carteiras específicas, a exemplo do crédito imobiliário com recursos do FGTS.
Os riscos fiscais e cenário internacional, portanto, continuaram muito citados na Pesquisa de Estabilidade Financeira. “O primeiro está mais associado a um aumento de preocupações com eventuais políticas favoráveis à expansão fiscal, que impactem a sustentabilidade das contas públicas. O segundo está associado a possíveis ajustes monetários nas economias avançadas, que podem alterar custos e fluxos dos recursos para economias emergentes”, diz o BC.