Sônia Guajajara diz que mortes de crianças yanomamis estão subnotificadas
Ministra defendeu que Bolsonaro seja enquadrado no crime de genocídio
Foto: Agência Brasil
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, disse neste domingo (22), durante entrevista ao UOL, que o número de crianças yanomamis mortas por desnutrição pode ser maior que as 570 vítimas, como ela havia anunciado inicialmente.
“Temos indicações de que está subnotificado, porque não se tem uma precisão de quantas pessoas realmente morreram”, disse a ministra. “A Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena] acaba não fazendo esse mapeamento por falta de interesse, por falta de compromisso”, completou.
Na ocasião, Sônia Guajajara também defendeu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seja enquadrado no crime de genocídio. “Como eles não identificaram isso? Como eles não pensaram em um plano de atendimento?”, questionou.
“Eu acho que é um crime de genocídio porque houve abandono total. Se não tem agora uma ação emergencial para reabilitar a saúde, eles iriam morrer. Bolsonaro desmontou o sistema de saúde, largou. E tem uma conivência ali das empresas de prestação de serviço que fazem o deslocamento, fazem aquisição de medicamentos, fornecimentos de insumos, que ninguém sabe porque não chega na ponta”, continuou.
Bolsonaro se manifestou sobre as declarações de membros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que ele teria abandonado a população indígena. Para o ex-presidente, trata-se de “mais uma farsa da esquerda.” Na última sexta-feira (20), o Ministério da Saúde declarou emergência de saúde pública para combater a falta de assistência sanitária na região.