SSP investiga suposto 'pedágio' em caso de assassinato de trabalhadores, mesmo após empresa de internet negar que houve cobrança por traficantes
Trabalhadores foram assassinados na terça-feira (16), no bairro do Alto do Cabrito, em Salvador
Foto: Reprodução
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que investiga a possibilidade de que o assassinato dos três trabalhadores da Planet Internet, ocorrido na terça-feira (16), no Alto do Cabrito, em Salvador, tenha sido motivado após a empresa provedora de internet não ter pago uma espécie de "pedágio" cobrado por traficantes no Alto do Cabrito.
Apesar da empresa provedora ter negado que tenha recebido "pedido de resgate" pela vida dos trabalhadores, essa é uma das linhas de investigação adotadas pela Polícia Civil no caso do assassinato de Ricardo Antônio da Silva Souza, de 44 anos, Jackson Santos Macedo, de 41, e Patrick Vinícius dos Santos Horta, de 28. Até o momento, o carro usado pelas vítimas e os pertences delas ainda não foi encontrado.
Segundo a delegada Ligia Nunes de Sá, diretora do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), que apura o caso, a linha investiga é sustentada a partir de comentários das redes sociais, embora não tenha sido encontrada nenhuma evidência que comprove a suspeita.
A delegada pontuou que não há registros policiais contra as vítimas, e informou que quaisquer informações que contribuam com as investigações podem se denunciadas através do telefone 181. A ligação é gratuita e o anonimato é garantido por lei.
Velório e sepultamento
Os corpos de Ricardo Antônio e Jackson foram enterrados na quarta-feira (17), no Cemitério Bosque da Paz, localizado no bairro de Nova Brasília. Familiares, amigos e colegas de trabalho se reuniram no local durante a cerimônia de despedida.
O corpo de Patrick será sepultado nesta quinta-feira (18), no Cemitério Vale da Saudade, na localidade de Caminho das Árvores.
Pronunciamento Planet Internet
Por meio de nota, a Planet Internet, empresa para qual as vítimas trabalhavam, negou a versão veiculada em alguns veículos de imprensa, ao informar que não recebeu qualquer pedido de resgate ou de pagamento para acesso das equipes à localidade em questão, e colabora com as autoridades.
A empresa ainda lamentou o ocorrido e afirmou que presta "todo o apoio necessário" às famílias dos funcionários.
Protestos
Ao menos dois protestos foram feitos na quarta-feira devido ao crime. O primeiro foi realizado pela manhã, após uma reunião entre representantes das empresas prestadoras de serviço e da Secretaria de Segurança Pública.
Os manifestantes, que trabalham com a instalação de internet, se mobilizaram na Avenida Paralela, uma das principais de Salvador. O trânsito ficou lento na região.
Já no segundo protesto, realizado durante a noite, os manifestantes foram até a região da Rótula do Abacaxi, outro corredor viário de grande circulação em Salvador, após os sepultamentos de Jackson e Ricardo. Os manifestantes fecharam parte da via com objetos em chamas, o que causou congestionamento.
Sindicato dos Trabalhadores manifesta indignação
Em nota, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações da Bahia (Sinttel-Bahia), Joselito Ferreira, afirmou que "perder a vida no exercício do trabalho, buscando levar conectividade à população é um fato inaceitável que fere não apenas a categoria, mas toda a sociedade baiana”.
A entidade ressaltou que, em encontro com a SSP-BA, solicitou que a investigação fosse feita de forma "célere, rigorosa e transparente" para identificar e punir os responsáveis pela violência. Além de afirmar que pedirá uma audiência pública com o Ministério Público do Trabalho (MPT) para discutir protocolos de proteção a serem implementados e seguidos pelas empresas.
Pronunciamento da SSP e Governo da Bahia
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), publicou uma nota, na qual classificou o crime como "brutal e inaceitável". Jerônimo determinou que a investigação seja conduzida com rigor para identificar e responsabilizar os autores, dentro da lei.
Já o secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, declarou que as investigações ocorrem com prioridade na secretaria. Durante coletiva de imprensa, o secretário afirmou que a pasta não descansará até encontrar os responsáveis pelo assassinato dos três trabalhadores.
