Superfungo identificado na Bahia mata 39% dos contaminados, aponta pesquisa
Anvisa emite alerta sobre o fungo
Foto: Melissa Golden / The New York Times / NYT
O Brasil registrou na última última segunda-feira (7), o primeiro caso suspeito de infecção pelo superfungo Candida auris. Na terça-feira (8), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) chegou a emitir um alerta pontuando que a Candida auris é "um fungo emergente que representa grave à saúde global" e que algumas cepas dele são resistentes a todas as principais classes de fármacos antifúngicos. De acordo com a BMC Infectious Diseases, a taxa de mortalidade dele é de 39%.
O patógeno foi identificado em uma amostra de ponta de cateter de um paciente que foi internado com o Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, numa unidade de terapia intensiva na Bahia. De acordo com o professor de Infectologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador do comitê de micologia da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Flávio Telles, a chegada do Candida auris ao Brasil acende um alerta, mas não representa um equivalente à vinda do SARS-CoV-2.
Segundo ele, a infectologista explica que o superfungo é um germe intra-hospitalar e costuma colonizar equipamentos, instrumentos e pacientes internados. “Como a Covid-19 tem provocado muitas internações, e internações prolongadas, o risco de contágio pelo Candida auris é maior. Se ele se espalhar, vai ser mais um problema de saúde pública. Ele é difícil de ser eliminado do hospital”, disse o infectologista.
Ainda segundo o infectologista, apenas 5% das bactérias de Candida auris são resistentes a todos os antifúngicos disponíveis. Além disso, a detecção do superfungo depende de uma tecnologia complexa e cara que atualmente está concentrada em laboratórios de microbiologia especializada, como os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens).
Estudos apontam que, diferentemente da Covid-19, que contamina também pelo ar, o superfungo se espalha pelo contato com superfícies infectadas. Por isso, para evitar o avanço do patógeno, o paciente contaminado deve ser isolado dos demais e o local de sua internação deve ser higienizado com desinfetantes hospitalares específicos, durante e imediatamente após sua estadia. Segundo Telles, o Candida auris é um patógeno conhecido no mundo e já estava no radar da Vigilância Sanitária, mas nenhum caso em solo brasileiro foi identificado até agora. Ele já causou infecções em cerca de 33 países.