Talco é classificado como 'provavelmente cancerígeno' por agência da OMS
IARC também classificou como cancerígeno a acrilonitrila
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A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou o talco como provavelmente cancerígeno.
Especialistas do Centro Internacional de Pesquisa do Câncer, reunidos em Lyon, França, publicaram os resultados na sexta-feira (5) na revista The Lancet Oncology. A Acrilonitrila, composto utilizado na produção de polímeros, também foi classificada como cancerígena.
O talco, mineral natural extraído em muitas regiões do mundo, entrou para lista com base numa combinação de estudos parciais em seres humanos que indicaram um risco alto de câncer de ovário, e evidências suficientes de testes em animais de laboratório.
Segundo esses especialistas, a exposição ocorre principalmente no ambiente de trabalho durante a extração, moagem ou processamento do talco, ou durante a fabricação de produtos que o contenham.
Para a população em geral, a exposição ocorre principalmente através do uso de cosméticos e pós corporais contendo talco. Em junho deste ano, a gigante farmacêutica americana Johnson & Johnson fechou um acordo definitivo com o sistema judicial de 42 estados dos Estados Unidos, em um caso onde o talco foi acusado de causar câncer.
Os especialistas não descartam certas vidas nos trabalhos. Uma síntese de estudos sobre o tema, publicada em janeiro de 2020 e baseada em 250 mil mulheres nos Estados Unidos, por exemplo, não encontrou uma ligação estatística robusta entre o uso de talco nos órgãos genitais e o risco de câncer de ovário.
A categoria onde o produto foi incluído, chamada oficialmente de 2A, diz respeito a itens cujas evidências de relação com tumores são mais robustas entre animais, ainda que limitadas entre humanos.
Acrilonitrila, adoçante e carne vermelha
A agência da OMS também classificou a acrilonitrila, um composto orgânico volátil usado principalmente na produção de polímeros, como cancerígeno para humanos, categoria na 1A.
A decisão se baseia em "evidências suficientes de câncer de pulmão" e "evidências limitadas" de câncer de bexiga em humanos, de acordo com a IARC. Os polímeros são usados em fibras para roupas, carpetes, e plásticos para produtos de consumo ou peças automotivas. A acrilonitrila também está presente na fumaça do cigarro.
No ano passado, a Iarc mencionou o aspartame, adoçante artificial comum, na categoria de “possivelmente cancerígenos”, a 2B. Uma relação foi observada com câncer no fígado.
Porém, na avaliação de risco, que estabelece o real perigo para o consumidor, o Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares da OMS e da Organização para Agricultura e Alimentação (FAO) decidiu que eles não são suficientes para alterar o limite de consumo diário considerado seguro, de 40 mg por kg de peso corporal.
Anos antes, a carne vermelha, como de boi, porco, cordeiro e carne, presente de forma tão significativa no prato da população brasileira, foi incluída na 2A, como “provavelmente cancerígeno”, assim como o talco agora. A agência relacionou a alimentação a tumores colorretais, de pâncreas e de próstata.