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Tarifaço de Trump pode reposicionar o Brasil no 'quebra-cabeça' do comércio global; entenda

Tarifas recíprocas anunciadas pelo presidente dos EUA criam riscos e oportunidades, avaliam especialistas

Por Inara Almeida
Ás

Atualizado
Tarifaço de Trump pode reposicionar o Brasil no 'quebra-cabeça' do comércio global; entenda

Foto: Reprodução/Youtube @WhiteHouse

O presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, causou alvoroço em todo o mundo ao anunciar tarifas recíprocas a 185 países, episódio que intitulou de ‘Dia da Libertação’ americana. O Brasil figura na lista das nações que tiveram as menores taxas de importação atribuídas, de 10%, mas nem por isso deve passar ileso da ‘bagunça’ gerada nos mercados financeiros e no quebra-cabeça do comércio global, sobretudo com o tarifaço de 145% imposto à China, seu principal parceiro comercial.

Em entrevista ao Farol da Bahia, Haroldo da Silva, economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), explicou que um dos riscos está justamente associado ao gigante asiático e à possibilidade da entrada de mais produtos chineses no Brasil. 

"A China é o país que tem mais espaço no mercado americano e foi dos mais taxados, e é a grande fábrica do mundo, assim conhecida. Se ficar mais difícil para vender para os Estados Unidos, ela pode buscar mercados alternativos, como o Brasil, e desestabilizar a nossa indústria", destaca o economista.

Por outro lado, oportunidades também estão no horizonte do mercado brasileiro. Uma vez que artigos chineses adentrem com mais dificuldade nos Estados Unidos, os produtos brasileiros podem ficar comparativamente mais baratos. 

“Os produtos brasileiros podem ficar comparativamente mais baratos [...] A agricultura provavelmente terá um espaço maior para desempenho em termos exportadores ao longo dos anos. Então a Bahia, por exemplo, que é um grande produtor de algodão e exporta roupas e tecidos para o mundo todo, pode alcançar o mercado americano com preços mais baratos do que os produtos chineses, por conta desse aumento gigantesco na alíquota de importação", explicou Haroldo.


Tarifas recíprocas anunciadas por Donald Trump. Foto: Divulgação/WhiteHouse

 

Reorganização do comércio global?

“Estamos diante de um ciclo que pode ser permanente”. Foi assim que o cientista político Cláudio André descreveu as transformações derivadas das tarifas recíprocas anunciadas por Donald Trump. Segundo o especialista, o presidente norte-americano pode ter iniciado uma “guerra comercial” que irá reconfigurar as relações comerciais a nível global.

“Quero chamar atenção para o que está acontecendo com a China, que é o grande motor produtivo no mundo. Isso pode impactar em dois cenários: de inflação e de impacto de recessão em nível global, algo que não interessa, inclusive, aos mercados", destacou Cláudio.

Questionado sobre a possibilidade de o Brasil firmar novos acordos comerciais vantajosos, o cientista político respondeu que há duas questões principais neste cenário: primeiro, em que medida haverá uma estratégia por parte da China de redirecionar as exportações e a possibilidade de atrair investimentos que serão "desviados" dos Estados Unidos. "A economia brasileira pode se beneficiar a depender de como ficará esse desenho de conflito entre Estados Unidos e China, no entanto, estamos diante de um cenário de instabilidade que afeta a economia como um todo", completou.

Industrialização dos Estados Unidos

Em meio ao cálculo controverso do esquema de impostos de importação anunciado pelo governo Trump - que chegou a taxar em 10% um território de ilhas que abriga apenas colônias de pinguins, focas e aves - fica o questionamento: o que quer Donald Trump com o tarifaço? Segundo Haroldo, o interesse do presidente norte-americano é que mais fábricas se instalem no país, uma vez que, segundo Trump, os Estados Unidos vivem um processo de “desindustrialização”.

Ainda de acordo com o economista, o objetivo de Donald Trump de fortalecer a indústria norte-americana “não vai se materializar”, especialmente diante do seu próprio mandato, visto que exige um longo prazo.


Território das Ilhas Heard e McDonald, taxada por Donald Trump. Foto: Governo da Austrália
 

Confira o vídeo na íntegra:

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