Taxa de refugiados inscritos no ensino primário se mantém, mas pode camuflar abandono, aponta Acnur
A quantidade de estudantes registrados no nível secundário em países anfitriões caiu para 37%
Foto: Acnur/Amos Halder
De acordo com o Relatório de Educação de Refugiados 2022, divulgado pela Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados (Acnur), na última terça-feira (13), a proporção de crianças vivendo nessa condição que estão matriculadas no nível primário se manteve em 68%.
Apesar de ser um dado positivo, essa taxa pode camuflar “um alto número de desistências” em algumas regiões, ressalta a publicação compilada entre 2020-21 com narrativas de 40 países.
Países desenvolvidos
A quantidade de estudantes registrados no nível secundário em países anfitriões caiu para 37%. Já no ensino superior, a presença de refugiados registrados em 2020-21 foi de 6%.
Mesmo estando bem abaixo em relação aos níveis globais, particularmente nos países desenvolvidos, esta taxa continuou subindo quando comparada aos momentos em que permaneceu em 1%.
A pesquisa aponta que grande número de menores vivendo como refugiados está fora da escola, se comparado a crianças dos países anfitriões. Essa tendência é similar em diferentes realidades, independentemente dos recursos ou rendimento econômico.
No documento, o Acnur pede um novo impulso para que crianças e jovens refugiados sejam incluídos nos sistemas nacionais de educação em todos os níveis.
Esforços
A Acnur estima que mais de 10 milhões de menores refugiados em idade escolar sejam apoiados pela agência. O órgão destaca que as aspirações dos jovens refugiados irem além do nível secundário, ligadas a esperanças e ambições de professores e das comunidades que os acolhem.
Para um melhor desempenho, o Acnur recomenda que se criem parcerias fortes para demolir as barreiras à educação que se colocam a milhões das crianças que buscam abrigo em outros países. O estudo recomenda esforços para que refugiados sejam alcançados em sistemas de ensino, incluindo professores.
Mesmo antes da pandemia, 57% de crianças não sabiam ler e nem podiam compreender um texto simples aos 10 anos em economias de rendas baixa e média. Esse nível chega a 86% na África Subsaariana, onde se concentram milhões de refugiados.
O Acnur enfatiza que uma educação de má qualidade afeta centenas de milhões de crianças quando associada à falta de acesso a escolas e faculdades.
Preço alto
Segundo o relatório, é essencial que refugiados sejam incluídos na transformação ainda em idade mais jovem. Para a agência das Nações Unidas, os efeitos do investimento na educação beneficiariam o coletivo ao promoverem um ambiente mais pacífico e, ao mesmo tempo, resiliente. Nessa realidade, o talento e as oportunidades seriam mais bem aproveitados. Sem isso, as sociedades pagariam um preço alto.
O relatório é lançado em vésperas da Cúpula da Educação Transformadora. O evento convocado pelo secretário-geral da ONU acontecerá em paralelo à 77ª sessão da Assembleia Geral. O alvo é mobilizar os líderes participantes a promover ação, ambição, solidariedade e soluções para transformar a educação até 2030.