Técnico de natação investigado por abuso sexual é banido no Brasil

O Comitê de Ética de Integridade da Conferência Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) decidiu, em sessão fechada no dia 19 de janeiro, proibir o técnico de natação Sales José Alves de Carvalho de ter acessos a locais de competições de natação e fazer parte de qualquer evento relacionado aos desportos aquáticos. Esse é o primeiro caso em que técnico é banido do esporte no país. 

Ele é investigado pela Polícia Civil de São Paulo pelo suposto abuso sexual de uma nadadora menor de idade, no final de 2019. A CNN teve acesso a um documento em que ele nega as acusações e diz, por meio de sua defesa, que os fatos da denúncia não são verdade. 

Em entrevista ao site, a mãe da vítima contou que em uma das competições, no qual ela não pôde acompanhar, Sales teria obrigado a jovem a ficar no mesmo quarto de hotel que ele, onde teriam ocorridos os abusos. 

“No meio da competição, ela ficou sem crédito no celular e ficou alguns dias quieta quando voltou pra casa. E no meio da semana, ela chorando muito, me falou que ela tinha sido obrigada a dividir uma cama de solteiro com ele, no mesmo quarto, mesmo tendo duas camas. Que ele dizia que a outra cama era para colocar as malas. E ela me contou os detalhes, que ela não conseguia dormir à noite, não conseguia comer, não conseguia falar. E em todas as noites, ele tentou ter relações sexuais com ela”, revela.

Ela também citou que outras mães de atletas que estavam na viagem e hospedadas no mesmo hotel ofereceram para que a menina ficasse com elas em seus quartos, mas que o técnico teria dito que a mãe da nadadora teria autorizado. “Ele mentiu para elas, para elas ficarem quietas. Quando eu fui falar com elas, elas não imaginavam. Foi uma tragédia. Eu não imaginava que ela ia ficar em uma situação dessa. E ela é uma criança que a gente sempre conversou muito, sempre orientou. Mas ela ficou em choque. Não conseguia falar para as outras mães e crianças o que estava acontecendo”.

A mãe da criança decidiu realizar a denúncia na época, em um distrito policial, mas, segundo ela, não houve nenhuma resposta sobre como a investigação estava ocorrendo. Porém, em dezembro, a ex-nadadora e vice-presidente do Comitê de Ética, Mariana Brochado, encontrou a denúncia da mãe da nadadora no canal de denúncia do órgão, onde ela relatou o abuso sofrido pela filha. 

Após quase cinco meses de apuração interna, incluindo o relato de duas testemunhas e a manifestação do treinador acusado, segundo documento que a CNN teve acesso, a relatora do processo e os demais conselheiros concluíram que Sales descumpriu o Código de Ética da CBDA e da FINA (Federação Internacional de Natação). Ele foi expulso das atividades esportivas aquáticas e obrigado a pagar o valor de R$ 50 mil. 

A CNN também entrou em contato com o técnico para ouvi-lo sobre o caso, mas a mensagem enviada foi respondida por uma pessoa que se identificou como o irmão de Sales, no qual afirmou que passaria para ele o interesse para a entrevista, mas não houve retorno.