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Torpor Coletivo: a China que ninguém fala

Confira o artigo de Marcus Quadros desta segunda-feira (7)

Por Da Redação
Ás

Torpor Coletivo: a China que ninguém fala

Foto: Kevin Frayer/Getty Images

Pessoas “desaparecendo”, desafetos políticos em campos de trabalho forçado, listados em programas de “Reeducação para o Trabalho”, domínio territorial em expansão, controle total da população - incluindo a submissão cultural e ideológica pelo medo – supremacia e censura nas comunicações. Não, essa não é a Alemanha nazista de 1939. Estamos falando da China comunista, de 2021!

São incríveis as semelhanças entre a CHINA de hoje com a ALEMANHA de 39. Essas são apenas algumas das características entre esses dois países: o “desaparecimento” de pessoas tem se tornado um fato bastante comum na China. Basta, para isso, que elas discordem do governo.

Não é de hoje que prisões, desaparecimentos e mortes ocorrem na China. Um dos casos mais misteriosos é o do empresário Xu Ming, preso por corrupção. Ele deveria ser libertado em dezembro/2015 mas, um mês antes, foi encontrado morto em sua cela devido a um ataque do coração, segundo autoridades chinesas. No entanto, seus familiares afirmaram que Xu Ming gozava de excelente saúde antes de morrer.

Desde médicos que tentaram alertar o mundo sobre o novo coronavírus, como a médica Ai Fen, até jornalistas que cobriam o caso, como Li Zehua, encontravam-se desaparecidos. A lista é enorme: Xiao Jianhua/Empresário, Meng Hongwei/Político e ex-presidente da interpol, Ren Zhiqiang/Magnata mercado imobiliário, Jack Ma/Alibaba, Ju Chen e Jianlin Yan/Citic Securities, Yim Fung/Guotai Junan International, dentre outros. Chen Qiushi/Advogado e Fang Bin/Empresário foram “desaparecidos” por que fizeram vídeos mostrando a situação de pessoas infectadas pelo Covid-19, em janeiro de 2020.

Li Zehua reapareceu em abril, afirmando que tinha estado numa quarentena imposta pela polícia que o vigiou 24 horas. Chen Qiushi, desaparecido desde fevereiro, também voltou a aparecer, enquanto ninguém sabe o paradeiro de Fang Bin.

O urologista Hu Weifeng, bem como seu colega Li Wenliang, morreram depois de terem sido “advertidos” por suas mensagens de alerta nas redes sociais diante dos primeiros casos do novo coronavírus. Oficialmente, ambos morreram de Covid. O bilionário chinês Lin Qi, 39 anos, também morreu, por envenenamento. Ele era presidente da empresa Yoozoo (desenvolvedora do jogo Game of Thrones). Já a jornalista Zhang Zhan foi presa em 2020, condenada quatro anos de prisão, por informar sobre o surto em Wuhan.

Recentemente, a rede BBC – British Broadcasting Corporation publicou uma reportagem feita por seus repórteres, Matthew Hill, David Campanale e Joel Gunter, em que relata diversos casos de tortura com o povo UIGURE: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55932384.

“Os uigures são muçulmanos que habitam predominantemente a região autônoma de Xinjiang, no noroeste da China, que faz fronteira com o Paquistão e o Afeganistão. No começo do século 20, os uigures chegaram a declarar independência. Mas, em 1949, a região passou a ser controlada pela China comunista.”

Os relatos de tortura e estupros generalizados são impressionantes. A “Reeducação para o Trabalho” toma contornos assombrosos com requintes de crueldade e absoluto desprezo pelos Direitos Humanos.

Aonde está o compromisso perante a DUDH – Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, que preconiza, em seus artigos IV e V “a vedação à escravidão, tratamento cruel, desumano ou degradante”?: Aonde estão os organismos internacionais de Direitos Humanos?:

Cadê a ONU - Organização da Nações Unidas? Porque não se manifesta?;

Parece que, novamente, o mundo passa por um torpor coletivo.

Em 11 de abril de 1945, a 6ª Divisão Blindada do exército dos EUA descobriu um campo de concentração denominado Buchenwald, no leste da Alemanha, dominada por Adolf Hitler. Lá, estavam judeus, russos, ciganos, presos políticos, enfim, seres humanos em péssimas condições de sobrevivência. Uma paisagem terrível, até mesmo para soldados acostumados a conviver com as atrocidades da guerra: 21.000 prisioneiros, entre homens e meninos e seus corpos famintos, vivendo na imundice! Ele seria apenas um, entre inúmeros campos de concentração nazistas com crematórios, cemitérios clandestinos, corpos em trens, valas e câmaras de gás.

Como isso poderia estar acontecendo? Estariam se perguntando os aliados no final da Segunda Guerra.

Mas o fato é que, desde seu famoso discurso em 1939, Der Ewige Jude (O Eterno Judeu), Hitler já terminava com uma inflamada oratória ao Reichstag, na qual profetizava o que estaria por vir e que o extermínio em massa de judeus seria uma tônica em seu governo. O mundo via e percebia o que viria a seguir, mas preferiu fingir que isso era apenas uma hipótese.

Na Alemanha, entre 1933 e 1945, existiam 44 MIL locais de trabalho escravo, campos de concentração e guetos. A “hipótese” se confirmaria. Os anos seguintes ao Holocausto, o grito de guerra seria “Nunca mais!!!”.

Será mesmo? “Quando um fanático político tomou o poder em uma nação civilizada e o povo não se importava com a verdade, ele desencadeou o extermínio de milhões” Documentário Histórico GRANDES MOMENTOS da SEGUNDA GUERRA, NetFlix.

Por Marcus Quadros de Castro

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