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'Totalmente omisso', diz ex-presidente do Inep sobre Milton Ribeiro na preparação do Enem 2020

Alexandre Lopes afirmou prova deste ano corre risco de ser realizada em 2022

Por Da Redação
Ás

'Totalmente omisso', diz ex-presidente do Inep sobre Milton Ribeiro na preparação do Enem 2020

Foto: Reprodução/ Agência Brasil

Em entrevista ao GLOBO, o ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela organização do Exame Nacional do Ensino (Enem), Alexandre Lopes, afirmou que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, foi "totalmente omisso" na organização do Enem em 2020. Segundo ele, o planejamento do exame para este ano já está "bastante atrasado" e corre risco de ser realizado em 2022.  

O Enem de 2020 foi realizado em janeiro de fevereiro deste ano, mas teve números recordes de abstenção e estudantes que relataram terem sido impedidos de fazer a prova porque as salas já estavam lotadas.

O cronograma para este ano está previsto para novembro ou dezembro, mas ainda não há confirmação de data.

Ao revelar a relação com Milton a respeito do Enem, Alexandre afirmou que o ministro recusou o encontrar mais de três vezes. "No primeiro dia da aplicação do exame, que encontrou os casos de algumas pessoas que não conseguiram fazer as provas, o ministro se mostrou bastante irritado à noite, quando chegou ao Inep para a coletiva. E falou que não tinha sido comunicado sobre aquilo, o que é uma mentira, porque eu falei como medidas que a gente estava tomando. Mas o que aconteceu foi que, no dia seguinte, segunda-feira de manhã, pedi formalmente uma reunião com ele para falar do Enem. Ele recusou uma reunião, através das secretárias. Aí foi o segundo dia de execução do Enem. Na outra segunda-feira, pedi novamente uma reunião presencial com ele e ele recusou de novo. Na segunda recusa, ele falou que nós íamos ter um despacho semanal. No despacho semanal, ele não apareceu, pediu que o executivo me recebesse. O Enem acontecendo no Brasil, em meio a uma pandemia, com todas as dificuldades, e o ministro se recusou a me receber. Eu só falei com ele por WhatsApp, mandei mensagens. com todas as dificuldades, e o ministro se recusou me receber", contou.

Ao ser questionado sobre o que tratava as mensagens enviadas, o ex-presidente do Inep explicou que eram mensagens sobre os problemas que surgiam sobre o Enem e suas preocupações com a realização da avaliação. "Como ele não me erigiu no despacho no dia 21 de janeiro, mandei mensagem afirmando que havia passado informações para o secretário-executivo sobre o Enem e estava à disposição para falar sobre a aplicação da prova que aconteceria no domingo. Ele não me respondeu. Mandei outra após o segundo dia do Enem dando detalhes, e ele não me respondeu nada sobre o exame. Depois, mandei uma mensagem dizendo que estava preocupado com a reaplicação do Enem em Manaus e que estava difícil conseguir local para realização da prova, ele simplesmente me respondeu "ok, vai dar certo". Foi essa a orientação dele para mim. Foi omisso. O ministro simplesmente fugiu do Enem", disse.

"Eu tive que tomar as decisões sozinho em relação ao Enem", completou.

Sobre este ano, o ex-presidente do Inep afirmou que o Enem já está "bastante atrasado, tanto da execução quanto da preparação da prova". Acho que há um risco de jogarem o Enem para o ano que vem utilizando como desculpa a pandemia. Mas se você questiona hoje se tem prova pronta, contrato, eles não vão ter para informar. Apesar de toda incompetência do atual presidente e da falta de discernimento por parte do ministro, a equipe técnica do Inep é capaz de fazer. Se eles não atrapalharem, o Enem sai, mas estão atrasados", pontuou.

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