Trabalho infantil global aumenta pela primeira vez em 20 anos
Dados foram divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
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A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) informaram nesta quinta-feira (10), que o número de crianças vítimas do trabalho infantil aumentou pela primeira vez em 20 anos e atinge 160 milhões em todo o mundo. Os dados constam no relatório "Trabalho Infantil: estimativas globais de 2020, tendências e o caminho a seguir", divulgado pelas instituições em razão do Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, em 12 de junho.
No documento, as instituições destacam a necessidade de combater a prática, que pode ser agravada com a pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. "Novas crises econômicas e o fechamento de escolas, devido à Covid-19, podem significar que as crianças trabalham mais horas, ou em condições agravadas, enquanto muitas outras podem ser forçadas às piores formas de trabalho infantil, devido à perda de emprego e rendimento em famílias vulneráveis", alerta o documento.
Após 20 anos, a evolução da erradicação do trabalho infantil "inverteu o sentido", diz o documento, contrariando a tendência de queda registrada entre 2000 e 2016. Nesse período, ao menos 94 milhões de crianças deixaram de trabalhar. Nos últimos quatro anos, houve um aumento de 8,4 milhões de pessoas. As informações baseiam-se em dados de 106 pesquisas que cobrem mais de 70% da população mundial de crianças entre 5 e 17 anos.
O relatório mostra ainda um aumento substancial no número de crianças, entre os 5 e os 11 anos, que trabalham e que representam mais de metade de todos os casos de trabalho infantil no mundo. A maior parte da população infantil que trabalha está no setor agrícola. De acordo com o documento, o ramo responde a 70% dessa parcela, o equivalente a 112 milhões de crianças. Em seguida, aparece a área de serviços, com 20% (31,4 milhões) e da indústria, com 10% (16,5 milhões). A prática também é mais comum em áreas rurais (14%) do que em áreas urbanas (5%).