Trabalho temporário se torna prática nas empresas para repor vagas durante a pandemia
Em meio a incertezas sobre a situação econômica para 2021, modelo de contratação surge como tendência
Foto: Reprodução/Governo Federal
Sem previsão sobre o ritmo da retomada economia, abalada pela crise da Covid-19, as empresas estão recorrendo à contratação de temporários para repor vagas, uma tendência, que, de acordo com os especialistas, deve se estender para 2021. Entre março e outubro, houve aumento de 37% neste modelo de contratação, com 1,3 milhão de trabalhadores temporários, segundo a Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem).
Somente no mês de agosto, foram 197 mil temporários, o maior patamar já registrado desde o início da série, em 2014. De um lado, as empresas buscam minimizar riscos ao repor o quadro de pessoal com contratos de curta duração. De outro, recorrem a modelos de seleção digitais, com uso da tecnologia para evitar os riscos da pandemia. A projeção para o ano é de um total de 1,9 milhão de temporários, o que representa uma alta de 28%.
Um sinal de que o mercado de trabalho não se comportou como nos anos anteriores é que a maior parte das contratações temporárias (65%) ocorreu na indústria, em segmentos como alimentos, farmacêutica e embalagens. Em seguida, aparece o setor de serviços, com 25% do total, e o comércio, com 10%. O fim do auxílio emergencial também é um fator que ajuda a construir a projeção de impacto negativo sobre o consumo, especialmente entre as famílias de menor renda.
Além disso, o setor de serviços é o que mais emprega no país, mas boa parte dos postos depende de atividades presenciais. Na avaliação dos especialistas, as incertezas que pairam sobre o comportamento da economia em 2021 tornam mais difícil a efetivação de boa parte desses profissionais.
"Existe todo ano uma expectativa de que muitas dessas vagas temporárias se convertam em vagas efetivas, mas a tendência neste ano é que não haja tantas conversões. Muitas vagas de temporários foram abertas para admitir de uma maneira mais segura devido às incertezas e substituir os efetivos que foram afastados ou demitidos", afirma Paulo Sardinha, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH).