Tratamento inédito com células-tronco recupera parte da visão de pacientes com degeneração macular
Doença é uma das principais causas de cegueira no mundo

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Uma das principais causas de cegueira no mundo, a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma doença silenciosa que atinge milhões de pessoas idosas no mundo inteiro, provocando a morte das células do epitélio pigmentar da retina (EPR) e formando áreas de atrofia.
Agora, cientistas da Universidade de Michigan, do Neural Stem Cell Institute e da Luxa Biotechnology anunciaram os primeiros resultados de um ensaio clínico inédito, que utiliza células-tronco adultas para restaurar a visão em pacientes com a forma seca da doença, considerada, até o momento, como irreversível.
Segundo o estudo, publicado recentemente na revista científica Cell Stem Cell, a estratégia é usar células-tronco adultas — já destinadas a formar apenas o epitélio pigmentar da retina —, para repovoar as áreas de atrofia com novas células funcionais.
Obtidas de doadores falecidos, essas células são cultivadas por quatro semanas até atingirem um estágio ideal para o transplante. A ideia é que elas consigam substituir o tecido perdido, com mais segurança e menos risco de gerar tumores.
Conduzido por centros de referência nos EUA, o ensaio clínico é o primeiro da espécie a utilizar esse tipo especifico de terapia com células-tronco em seres humanos. Por se tratar de um estudo inicial (fase 1/2a), o objetivo dos pesquisadores foi verificar a segurança e observar sinais precoces de eficácia, antes de evoluir para testes maiores.
As células-tronco, por definição, têm potencial para se transformar em diferentes tipos celulares, o que, por um lado, é uma vantagem, mas também pode ser um risco, quando são transplantadas especificamente em um dos tecidos mais delicados e vulneráveis de todo o organismo.
Por isso, no transplante realizado na retina de um dos olhos dos seis voluntários do ensaio clínico, foram utilizadas 50 mil células RPESC-RPE-4W, sigla que significa células-tronco adultas retiradas diretamente do epitélio pigmentar da retina de doadores e cultivadas por quatro semanas.
O objetivo desses cuidados é assegurar que elas se comportem efetivamente como células de EPR, tenham seus riscos de tumores reduzidos, fiquem no ponto ideal para sobreviver no olho humano, consigam repovoar a área doente e sustentem os fotorreceptores, ou seja, as células que convertem luz em sinais elétricos.
Os resultados obtidos nesse primeiro grupo de pacientes superaram todas as expectativas. Os três mais comprometidos visualmente conseguiram, além de uma melhora impressionante de 21,67 letras no teste de acuidade visual, um ganho de visão que reverteu a história natural da doença. Os pacientes com visão moderada ganharam 3 letras.


