Três anos após declaração de pandemia, persistência de perda de olfato e do paladar ainda geram alertas
Especialista afirma que infecção pela Covid-19 tem deixado sequelas que precisam ser tratadas
Foto: Divulgação Assessoria
Apesar de termos superado os momentos mais dramáticos da pandemia graças à imunização, milhões de pessoas que se infectaram e sobreviveram ao Novo Coronavírus seguem, exatos três anos após a declaração oficial dessa crise sanitária pela Organização Mundial de Saúde (OMS) , apresentando sequelas no organismo, a exemplo da perda persistente do olfato e do paladar, mesmo após o desaparecimento dos demais sintomas da Covid-19 e da criação de anticorpos pelo organismo.
De acordo com a otorrinolaringologista Flávia Lobo, da Otorrino Center, empresa que íntegra o Grupo H+ Brasil, uma das maiores holdings de multiespecialidades do país, a maioria das pessoas ficou sem sequela. No entanto, alguns pacientes podem persistir com sintomas após semanas ou até meses da infecção pela Covid-19 e este risco está presente tanto nas formas graves da doença, quanto nas formas leves e moderadas. Aqueles que necessitaram de internação em UTI e/ou suporte ventilatório parecem ter um risco mais elevado.
"Entre as sequelas mais comuns estão a perda do olfato e do paladar, tosse persistente e fadiga. Esses sintomas podem, inclusive, perdurar por muitos meses após a infecção”, explica a médica.
A otorrinolaringologista explica que o distúrbio olfatório presente nos casos de Covid-19 deve-se principalmente ao dano inflamatório causado no epitélio olfatório, em maior grau do que por ação direta do vírus. Em muitos casos, esta queixa é acompanhada de coriza, congestão nasal e distúrbio do paladar. "Percebemos, nos consultórios, que no caso do SARS-COV2 pode ocorrer a perda de olfato e do paladar de forma súbita, independentemente do comprometimento respiratório ocorrido”, relata.
Flávia Lobo conta que as causas efetivas dessas sequelas ainda estão sendo investigadas pelos pesquisadores, tendo em vista que a Covid-19 é uma doença muito nova, recém-estudada pela comunidade científica. "Portanto, para evitar estas e outras sequelas ainda desconhecidas e que vêm surgindo, mesmo com a imunização completa, a prevenção é a forma mais eficaz de combate ao Novo Coronavírus e de evitar consequências ainda desconhecidas.
Ela ainda alerta para os perigos no dia a dia da perda do olfato. Situações como vazamento de gás e apodrecimento de alimentos podem passar despercebidos em indivíduos acometidos por este sintoma, gerando risco à saúde.
“É importante se consultar com um otorrinolaringologista para iniciar o tratamento adequado. Atualmente, o que temos de terapia com mais evidência ainda é o treinamento olfatório e a palavra-chave é paciência. Os resultados do tratamento não são imediatos e, em alguns casos, podem levar meses até a melhora parcial ou completa”, afirma a especialista.