Trinta dias sem aulas: APLB chama Bruno Reis de ‘insensível’ e reafirma luta por valorização
Professores cobram diálogo com o prefeito e pressionam por pagamento do piso salarial

Foto: Reprodução/Redes Sociais (Rui Oliveira) | Farol da Bahia (Bruno Reis)
“Trinta dias de luta por valorização profissional.” Foi assim que o diretor-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB), Rui Oliveira, defendeu ao Farol da Bahia o movimento grevista dos professores da rede municipal de Salvador. A paralisação completa um mês nesta quarta-feira (4).
A queda de braço entre o prefeito Bruno Reis (União Brasil) e a categoria, que cobra o pagamento do piso salarial, prejudica cerca de 130 mil alunos da capital baiana. Ainda assim, segundo o dirigente sindical, o gestor municipal não demonstra “sensibilidade” para dialogar com os profissionais da educação.
“A responsabilidade por não haver aulas na rede municipal de Salvador é exclusivamente do prefeito Bruno Reis, que se recusa a dialogar com a categoria. Ele é uma pessoa que não tem sensibilidade e, por isso, deixa milhares de alunos fora da sala de aula. Tudo isso porque não quer dialogar”, afirmou Rui.
“O movimento de greve que realizamos tem responsabilidade e compromisso com os alunos e com os pais. Agora, estamos falando de um momento de valorização dos professores. Pedimos a compreensão dos pais, mas o que acontece de ruim na educação pode ser perguntado ao prefeito”, completou.
Foto: Reprodução/APLB-Bahia
Neste momento, os professores pedem a revogação do projeto de lei de reajuste salarial dos servidores municipais, proposto por Bruno Reis e aprovado pela Câmara Municipal de Salvador (CMS) no dia 22 de maio.
A reivindicação da APLB é que o reajuste dado aos profissionais da educação, que varia entre 6,27% e 9,25%, não contempla o piso salarial, atualmente fixado em R$ 4.867,77. Por outro lado, o entendimento do prefeito é que o valor do salário inclui as gratificações fixas pagas à categoria e que, somados, ultrapassam o valor do piso.
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“Bruno Reis continua não pagando o piso e não ouve os professores. Ele aprova o que quer na Câmara porque tem a maioria dos vereadores. Infelizmente, o prefeito não vê que isso prejudica a categoria e os alunos. Estamos esperando que ele nos convoque para dialogar, estamos à disposição. Mas, até agora, nada”, lamentou o sindicalista.
Acusações de “politicagem” e pressão judicial
Da base do prefeito Bruno Reis na Câmara, o vereador Sidninho (PP) afirmou recentemente, assim como o próprio gestor, que a greve dos professores é um movimento de “politicagem”.
Ainda durante a entrevista, o sindicalista Rui Oliveira rebateu: “Todo movimento grevista é um ato político. Os vereadores da Câmara de Salvador são, em sua maioria, bajuladores do prefeito, então não têm nenhuma responsabilidade social.”
Sobre a manutenção da greve na capital baiana, mesmo com o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) categorizando o movimento como ilegal e impondo multa diária, Rui disse que faz parte da luta.
“O que a Justiça está fazendo cabe recurso e nós estamos aguardando. Nós entramos com recurso. Toda luta é assim”, explicou.
Crise na educação
A líder da bancada de oposição na Câmara Municipal, vereadora Aladilce Souza (PCdoB), afirmou que Salvador enfrenta uma crise na educação. Em entrevista ao Farol da Bahia, ela defendeu que a prefeitura tem condições de pagar o piso aos professores e pediu que o prefeito se sensibilize com a situação.
“Um mês de greve e, até agora, o prefeito Bruno Reis não se sensibilizou para escutar os professores e recompor a mesa de negociação. A saída está nas mãos de Bruno e, portanto, espero que ele reflita e faça um gesto de quem é prefeito de uma cidade que está enfrentando uma crise na educação”, afirmou a vereadora.
“A prefeitura tem condição de pagar o piso, pois só compromete 32% das receitas correntes líquidas com pessoal e pode ir até 58%. Que haja uma revisão dos números.”
Reprodução/Redes Sociais
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