‘Tropas americanas só vão sair do Iraque se Bagdá pagar pela base aérea’, afirma Trump
Parlamento iraquiano aprovou resolução que pede saída de militares estrangeiros do país
Foto: Reprodução / Iraqi parliament media office/Reuters
O presidente dos EUA. Donald Trump disse neste domingo (5) que as tropas americanas só vão sair do Iraque se Bagdá pagar pela base aérea construída pelos EUA no país. A resposta foi uma reação do republicano após o Parlamento iraquiano aprovar uma resolução pela saída e encerramento das atividades de tropas estrangeiras no país.
A decisão foi tomada dias depois que um ataque dos Estados Unidos matou o segundo homem mais importante do Irã, o general Qassem Soleimani, em Bagdá.
Trump também ameaçou impor ao Iraque sanções ainda mais pesadas do que aquelas que adotou contra o Irã. Além disso, o presidente rebateu as críticas contra possíveis ataques ao Irã. "Eles podem matar o nosso povo, torturar, lançar bombas, mas a gente não pode tocar nos lugares históricos deles? Não funciona assim", disse. O presidente se referiu ao post de sábado, onde afirmou que os EUA tinham 52 alvos na mira caso o Irã atacasse bases ou cidadãos americanos.
A resolução aprovada pelos parlamentares, ao contrário de leis, não obriga o governo a cumprir o texto, mas foi aprovada a pedido do próprio primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdul Mahdi. Durante a sessão, Mahdi considerou a morte de Soleimani um "assassinato político". Milhares de pessoas acompanharam o velório do general neste domingo (5) no Irã e, no sábado (4), no Iraque.
O texto pede, ainda, que sejam cancelados quaisquer pedidos de ajuda do Iraque ao governo dos Estados Unidos. As tropas americanas estão no país a convite de Bagdá.
Também neste domingo (5), os EUA, que lideram a coalizão de 74 nações e 5 organizações contra o Estado Islâmico, anunciaram a suspensão da maior parte das operações contra o grupo terrorista, e, também, dos treinamentos de forças iraquianas que participam do esforço conjunto.
"O governo se compromete a revogar seu pedido de assistência da coalizão internacional que luta contra o Estado Islâmico devido ao fim das operações militares no Iraque e à conquista da vitória", diz o texto aprovado no Iraque.
Cerca de 5,2 mil soldados dos Estados Unidos estão nas bases militares iraquianas para treinar e apoiar as forças de segurança locais e combater o Estado Islâmico. Como as tropas estão lá a convite do governo iraquiano, a decisão de cancelar o pedido de ajuda, teoricamente, as forçaria a sair do país, diz o "The New York Times".
Os soldados americanos já lutaram lado a lado das milícias iraquianas - algumas delas financiadas pelo Irã - contra o grupo terrorista entre 2014 e 2017. A perda territorial sofrida pelo Estado Islâmico desde então causou, entretanto, novas dinâmicas de poder entre Washington e Teerã, com o aumento da tensão entre os dois nos últimos dois anos.
Mesmo antes da morte de Soleimani, havia uma pressão crescente vinda das milícias xiitas e aliados do Irã para que as tropas americanas deixassem o Iraque, segundo a Deutsche Welle. Os Estados Unidos começaram a presença militar no Iraque em 2003, quando invadiram o país para derrubar Saddam Hussein.
Os soldados americanos deixaram o país gradativamente ao longo dos anos, com a saída definitiva em dezembro de 2011 - antes da volta para combater o Estado Islâmico, três anos depois, a pedido do Iraque.
Convocação de embaixador e denúncia à ONU
Ainda neste domingo (5), o governo do Iraque convocou o embaixador dos Estados Unidos no país e pediu à ONU que condene o ataque americano. Em nota, afirma que os bombardeios foram "uma violação flagrante da soberania do Iraque e de todas as normas internacionais que regulam as relações entre países e proíbem o uso de seus territórios para executar ataques em países vizinhos".
Papa e líderes mundiais pedem comedimento
Mais cedo, o Papa Francisco pediu comedimento nas ações na região. "Peço a todos os lados que mantenham a chama do diálogo e do comedimento e afastem a sombra da hostilidade", disse o pontífice. "A guerra só traz morte e destruição."
O pedido ecoou o feito por líderes mundiais no sábado (4), que demonstraram preocupação com a escalada de tensões no Oriente Médio. Neste domingo, a União Europeia anunciou que convidou o ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohammed Javad Zarif, a visitar Bruxelas para discutir a situação e o pacto nuclear firmado com o país em 2015.